Diversos analistas locais advertiram para os riscos de “desintegração da sociedade de Israel” e uma “inevitável guerra civil”, diante do caos prevalecente no país, alimentado por ações do governo de extrema-direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Oded Granot, articulista de mundo árabe e Oriente Médio do jornal Israel Hayom, afirmou: “Quando religiosos no governo declaram abertamente que não compartilharão o fardo, nem mesmo a serviço do Estado, enquanto apoiam ambiciosos processos unilaterais legislativos, capazes de desagregar a sociedade, a coesão vai abaixo e o princípio de coexistência pacífica se dissolvem”.
Para Granot, “Israel marcha rumo ao caos, seguindo os passos do Líbano”.
Em editorial de Amnon Levi, o periódico em hebraico Yedioth Ahronoth, argumentou que as raízes da crise corrente repousam em uma “divisão social e sectária”, mas que as origens do mal que predomina em Israel estão de fato na ocupação.
“A duradoura ocupação de um outro povo [os palestinos] nos deixou mimados e engendrou uma crise, de modo que não há dúvida de que a ocupação causou grandes danos”, escreveu Levi. “Desta vez, é algo ainda mais antigo e profundo. O que move a multidão de apoiadores da reforma é o ódio, a inveja e o desejo de vingança”.
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Israel vive protestos de massa desde janeiro, quando o governo anunciou planos de reforma do sistema judiciário, incluindo redução dos poderes da Suprema Corte. Analistas advertem para uma guinada autoritária de Netanyahu, em detrimento da imagem da “democracia” do Estado de apartheid.
No mesmo contexto, o ano vivencia uma escalada de agressões coloniais na Cisjordânia, sob incitação de ministros do governo que reivindicam a reforma e galvanizam apoiadores, como Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças).