O grupo paramilitar conhecido como Forças de Suporte Rápido (FSR) rejeitou a proposta de cessar-fogo apresentada por Malik Agar, vice-presidente do Conselho Transicional Soberano do Sudão, que incluía preparativos para o processo de diálogo nacional e uma nova fase de transição à democracia.
Youssef Ezzat, assessor político da coalizão armada, confirmou em entrevista à televisão não reconhecer a autoridade nacional de Agar. Contudo, insistiu que sua organização ainda está comprometida com as conversas em Jeddah e a iniciativa saudita-americana.
Agar anunciou um roteiro com base no cessar-fogo imediato para abrir caminho a uma nova fase de transição, sob supervisão da autoridade executiva, a fim de superar a crise corrente no Sudão. Conforme o proponente, trata-se de um primeiro passo rumo a eleições livres e à construção de uma nação estável.
Agar reiterou, no entanto, que as razões para o combate declaradas pelas Forças de Suporte Rápido são encobertas por uma onda de crimes e violações, ao pedir ao grupo armado que avalie com responsabilidade as consequências ao país.
O político se desculpou ao povo por “falhar em consolidar o Estado”, ao prometer fazer todo o possível para acabar com o conflito. Entretanto, instou a liderança paramilitar a ter ciência de que não é possível que haja dois exércitos em uma única nação.
ASSISTA: Após quatro meses, guerra no Sudão ‘está saindo do controle’, alerta ONU
As prioridades da proposta são encerrar os confrontos, possibilitar o socorro humanitário à população, abrir canais de comunicação com as partes envolvidas e impedir que a escalada se espalhe ao restante do país.
Neste entremeio, o exército regular sudanês e seus adversários trocaram mísseis no centro de Omdurman nos últimos dias, em meio a combates violentos na cidade.
No estado do Nilo Azul, as Forças Armadas anunciaram a retomada do controle sobre todas as áreas, então capturadas pelo Movimento Popular de Libertação do Sudão – Norte, cujas tropas são lideradas por Abdelaziz al-Hilu.
“Rebeldes do grupo de Joseph Tuka [vice-comandante do movimento] pensaram que o foco do exército em confrontar as Forças de Suporte Rápido lhe permitiriam obter controle sobre diversas áreas do Nilo Azul”, alegou um comunicado militar.
Conforme a Organização das Nações Unidas (ONU), a mortalidade no Sudão excede três mil pessoas, além de seis milhões de pessoas sob risco de fome, desde a deflagração da guerra, em 15 de abril.
LEIA: Mais de 40% dos sudaneses passam fome, diz chefe da OMS