O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, planeja alocar 700 milhões de shekels – quase US$190 milhões – aos assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada.
O político de extrema-direita, líder do partido Sionismo Religioso, trabalha com o ministro de Assentamentos e Missões Nacionais, Orit Strock, na preparação de um esquema para tanto, reportou a emissora estatal Kan nesta terça-feira (15).
O plano deve incluir postos avançados ilegais construídos em terras particulares palestinas, ou no vernáculo colonial “terras do Estado”, na Cisjordânia ocupada, que prescindem de aval do governo ou de avaliação dos órgãos de segurança.
Todos os assentamentos e colonos israelenses nos territórios ocupados são ilegais conforme o direito internacional. Postos avançados são ilegais até mesmo sob a lei israelense, embora as autoridades ocupantes sejam lenientes e costumem “legalizá-los” em retrospecto.
O tesouro público de Israel essencialmente confere apoio ao terrorismo de colonos cada vez mais extremistas e agressivos radicados na Cisjordânia.
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Smotrich, contudo, recusa-se a enviar fundos a comunidades árabes no território designado Israel – ocupado durante a Nakba ou “catástrofe”, via limpeza étnica, em 1948. Para tanto, o ministro recorre à alegação racista de que tais recursos seriam encaminhados a “criminosos e terroristas”.
Neste contexto, autoridades locais anunciaram que o ano letivo não poderia começar em 1° de setembro, como costuma ocorrer na região, ao sugerir uma greve geral para reivindicar o repasse de recursos conforme seu direito.
Smotrich e Strock pressionam o governo a deferir o envio de fundos prometidos aos colonos na Cisjordânia. A proposta autoriza o Ministério do Interior a transferir recursos a “áreas não reguladas na Judeia e Samaria [sic]”, em referência aos postos avançados.
“Este valor terá origem em orçamentos ministeriais”, explicou a reportagem. “Cerca de 130 milhões de shekels [US$35 milhões] serão oriundos do Ministério da Educação, além de 200 milhões de shekels [US$54 milhões] deduzidos do Ministério do Interior”.
O plano de Smotrich, contudo, enfrenta “problemas legais”, devido à iminência de eleições municipais. A lei israelense proíbe o envio de recursos públicos a áreas específicas durante o período eleitoral.
Conforme a ong Peace Now, ao menos 660 mil colonos vivem em 145 assentamentos e 146 postos avançados na Cisjordânia ocupada, em violação da lei internacional.
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