Ao utilizar fotos de arquivo, a equipe da agência de notícias Anadolu em Jerusalém Oriental identificou com êxito o prédio utilizado pela Arábia Saudita como consulado na Palestina até 1967, quando Israel capturou ilegalmente a cidade sagrada.
Situado estrategicamente no distrito de Wadi al-Joz, o edifício é vizinho da chamada Casa do Oriente, sede semi-oficial da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), fechada por Israel em 2001
Próximo à Universidade de al-Quds, o antigo consulado serve hoje como colégio árabe que atende 134 alunos.
Segundo fontes locais, o imóvel de dois andares e 13 cômodos, além de um pátio espaçoso, pertence a uma família palestina de Jerusalém.
Uma edição do jornal palestino Al-Defaa, datada de 7 de abril de 1941, cobriu a abertura do primeiro consulado da monarquia em Jerusalém, durante o período de Mandato Britânico na Palestina, entre 1920 e 1948.
Sob a manchete “Celebrações pela nomeação de um novo cônsul saudita”, lia a matéria: “O público árabe saudou com alegria e entusiasmo a indicação do governo da Arábia Saudita de um novo cônsul para a Palestina”.
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Segundo relatos, o consulado operou em mais de um endereço antes de chegar a sua última localidade. Em 30 de abril de 1941, declarou o Al-Defaa: “O consulado saudita começou seu trabalho em sua nova casa, no distrito de Bab al-Sahira”.
Cônsul saudita na Palestina
Na terça-feira (15), o recém-empossado embaixador saudita para Jordânia e Palestina, Nayef al-Sudairi, compartilhou no Twitter uma fotografia da inauguração do consulado saudita em Jerusalém, datada de 1947.
“Sob diretrizes de Sua Majestade, o falecido rei Abdulaziz bin Abdul-Rahman, em 1947, meu tio, Abdulaziz bin Ahmed al-Sudairy, promoveu que fosse estabelecido o consulado-geral da Arábia Saudita no bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém”, comentou al-Sudairy.
No sábado (12), o então embaixador da Jordânia apresentou suas credenciais a Majdi al-Khalidi, assessor de diplomacia do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, em evento realizado na embaixada palestina na cidade de Amã.
“A indicação serve para conceder um caráter oficial às relações com a Palestina em todos os setores, incluindo político, social e econômico”, reiterou al-Sudairy a jornalistas, ao assumir o cargo de cônsul não residente em Jerusalém. “Estamos ansiosos pelo futuro promissor deste relacionamento”.
O ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen tentou minimizar a medida, ao afirmar à rádio local que a monarquia “buscou sinalizar aos palestinos que eles não serão ignorados em meio às negociações em curso sobre a normalização com Tel Aviv”.
Cohen, não obstante, rechaçou maiores avanços: “Não permitiremos isso o estabelecimento de um consulado em Jerusalém que não esteja de acordo com nossos interesses”.
Relações diplomáticas
Khalil Tafakji, analista político especializado em Jerusalém, afirmou à Anadolu: “Muito antes da ocupação israelense em 1967, diversos países árabes, como Arábia Saudita, Egito, Líbano, Iraque e Síria, mantiveram consulados abertos em Jerusalém”.
Com sua recente decisão, a monarquia se tornou o primeiro país árabe a nomear um cônsul à cidade ocupada, ao reconhecê-la como capital do Estado da Palestina.
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Jerusalém Oriental possui atualmente alguns consulados que administram as relações com a Autoridade Palestina (AP), incluindo Turquia, França, Grécia, Suécia, Itália, Espanha, Bélgica e Vaticano.
Em 2018, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fechou seu consulado para a Palestina, ao fundi-lo com a nova embaixada americana ao Estado ocupante, transferida de Tel Aviv a Jerusalém.
Em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, estão presentes várias embaixadas estrangeiras, entre as quais, Jordânia, Egito, Marrocos e Tunísia.