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Verão na Cisjordânia: colonos enchem piscinas, palestinos passam sede

Colonos nadam em uma fonte de Ein Al-Auja, no Vale do Jordão, na Cisjordânia ocupada, em 24 de junho de 2020 [Amir Levy/Getty Images]

Aldeias e cidades palestinas da Cisjordânia ocupada vivem uma grave falta d’água enquanto assentamentos ilegais instalados nos arredores florescem no verão, reportou neste domingo (20) o jornal israelense Haaretz.

“Nas aldeias empoeiradas da Cisjordânia ocupada, onde não alcançam os encanamentos de Israel, tamareiras morrem; estufas estão desertas”, escreveu a reportagem. “Palestinos mal têm água para banhar suas crianças e lavar suas roupas – muito menos cultivar suas frutas e sustentar seus rebanhos”.

O Haaretz reiterou o contraste nas paisagens, ao observar que os assentamentos “parecem oásis” quando comparados a seus vizinhos nativos. “Girassóis brotam do solo. Peixes nadam em águas limpas. Crianças mergulham nas piscinas comunitárias”.

Do outro lado do muro e do arame farpado, a imagem é oposta. “As pessoas sentem sede, as colheitas sentem sede”, lamentou Hazeh Daraghmeh (63), que cultiva tâmaras em Jiftlik, no Vale do Jordão. “A ocupação israelense tenta nos espremer cada vez mais”.

“Questões hídricas assolam cidades e aldeias palestinas desde os acordos de paz da década de 1990, que deram a Israel controle sobre 80% das reservas da Cisjordânia – portanto, da maior parte dos aspectos da vida palestina”, recordou o Haaretz.

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Eyal Hareuveni – autor de um recente relatório da ong israelense B’Tselem sobre a questão hídrica nos territórios ocupados – comentou: “O suprimento de água que Israel repassa aos palestinos não se adaptou às demandas; em muitos casos, não mudou desde os anos 1970. A infraestrutura é projetada para beneficiar os assentamentos”.

Colonos ilegais instalados na Cisjordânia ocupada desfrutam de abastecimento contínuo da rede hídrica israelense, ao contrário dos árabes nativos. “No verão escaldante, os palestinos obtêm acesso a água via serviços municipais apenas esporadicamente”.

Mazen Ghunaim, ministro de Recursos Hídricos da Autoridade Palestina (AP) reiterou que a presente temporada é o verão mais quente em nove anos. Segundo seu relato, a companhia de saneamento israelense reduziu o envio de água a Belém e Hebron em 25% nas últimas nove semanas.

Israel alega “problemas técnicos”, mas Ghunaim reafirma se tratar de “motivações políticas”.

Assentamentos roubam água palestina [Sarwar Ahmed / Monitor do Oriente Médio]

Assentamentos roubam água palestina [Sarwar Ahmed / Monitor do Oriente Médio]

Desde 2021, autoridades da ocupação israelense demoliram quase 160 reservatórios, redes de esgoto e poços artesianos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, conforme estimativas do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

As taxas de demolição, no entanto, demonstram aceleração. No primeiro semestre de 2023, autoridades coloniais implodiram quase o mesmo número de instalações hídricas a serviço dos palestinos do que em todo o ano anterior.

Nas comunidades pastoris do Vale do Jordão, o consumo de água é restrito a sete galões, ou 26 litros, por dia – índice muito abaixo em relação aos 50 a cem litros recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que tipifica o norte da Cisjordânia como “zona de desastre”.

Em contraste, colonos israelenses no Vale do Jordão consomem 400 a 700 litros diários per capita, de acordo com a B’Tselem, em situação descrita como apartheid da água.

Todos os colonos e assentamentos radicados nos territórios ocupados são ilegais conforme o direito internacional.

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