Um novo relatório do Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, em colaboração com as ongs de direitos humanos al-Haq e Addameer, revelou o impacto da ocupação israelense sobre palestinos com necessidades especiais.
Publicado na terça-feira (22), o documento traz à luz a dimensão dos esforços de Israel para erradicar a presença palestina nos territórios ocupados, em detrimento das responsabilidades legais do Estado sionista como potência ocupante.
A pesquisa confirmou que o exército israelense adota uma política de “atirar para matar” durante incursões a aldeias, cidades e campos de refugiados palestinos.
“Como resultado do uso excessivo da força pelas tropas israelenses, ao menos 324 pessoas foram mortas nos territórios palestinos em 2021, incluindo 75 menores”, declarou o relatório, em alusão a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, sob ocupação militar, e Faixa de Gaza, sob cerco contínuo e bombardeios esporádicos por parte de Israel.
“Este caminho perigoso avançou a 2022, com 192 palestinos mortos, incluindo 44 menores de idade e 157 moradores da Cisjordânia, maior mortalidade na região desde 2005”, declarou o relatório. “Contudo, o ano de 2023 parece ser ainda mais letal; até 10 de agosto de 2023, ao menos 174 palestinos foram mortos na Cisjordânia e Jerusalém Oriental”.
O documento enfatizou ainda as consequências lesivas do embargo de 16 anos a Gaza, que comprometeu particularmente os direitos consagrados de pessoas com deficiência, sobretudo acesso à saúde e liberdade de movimento.
Um palestino de 25 anos que perdeu a mãe e o irmão nos 11 dias de ataque contra Gaza, em maio de 2021, relatou à al-Haq: “Em torno das 4h30 da madrugada, em 11 de maio, enquanto eu dormia, senti uma enorme vibração abalar meu quarto. As paredes e o teto desabaram sobre nós. Naquele momento, não pensei em mim, somente na minha mãe e no meu irmão, que tinha dificuldades de mobilidade”.
“Encontrei minha mãe sob os escombros. Ela não se mexia. Sua cabeça estava aberta e sangrava bastante. No hospital, os médicos confirmaram sua morte”, acrescentou. “Trinta minutos depois, equipes da defesa civil encontraram meu irmão. Os médicos confirmaram o óbito imediatamente. Desde então, desde a destruição da minha casa, vivo em um apartamento alugado no bairro de al-Nasr, em circunstâncias muito difíceis”.
Os ataques aéreos de Israel em maio de 2021 deixaram 253 palestinos mortos, entre os quais 66 crianças. Mais de 1.900 pessoas ficaram feridas.
As ongs al-Haq e Addameer instaram o comitê das Nações Unidas a pressionar o Estado sionista a cumprir suas responsabilidade sob o Artigo 28 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ao assegurar proteção social a indivíduos com necessidades especiais nos territórios ocupados.
Além disso, acrescentou o relatório: “Instamos o comitê a pressionar Israel a encerrar sua política de retenção e apreensão de recursos da Autoridade Palestina, usados como assistência às famílias dos mortos e prisioneiros, além de palestinos feridos, entre os quais aqueles submetidos a deficiências permanente devido aos excessos da ocupação”.