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Na Cúpula dos Brics, Guterres pede reforma das instituições multilaterais

Vista aérea de Joanesburgo, África do Sul. [Clodagh Da Paixao/Unsplash]

O secretário-geral, António Guterres, está na cidade sul-africana de Joanesburgo participando da cúpula dos Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Nesta quinta-feira, o líder da ONU destacou aos membros do bloco econômico a necessidade urgente de unidade e justiça para enfrentar os desafios atuais, que vão desde a crise climática às disparidades econômicas e os conflitos com implicações globais.

Mundo multipolar

O grupo criado em 2010 representa mais de um quarto do Produto Interno Bruto, PIB, global e 42% da população mundial, de acordo com dados da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad.

No seu discurso, Guterres descreveu a mudança para um mundo multipolar, alertando que a multipolaridade por si só não pode garantir um status quo pacífico e justo.  Ele apelou por instituições multilaterais robustas e eficazes para apoiar esta transição.

Guterres destacou as lições do início do Século 20, quando a multipolaridade da Europa sem mecanismos multilaterais fortes contribuiu para o início da Primeira Guerra Mundial.

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O chefe da ONU avalia que, à medida que a comunidade global avança em direção à multipolaridade, é urgente a necessidade de uma arquitetura multilateral fortalecida e reformada, baseada na Carta das Nações Unidas e no direito internacional.

Para Guterres, as estruturas de governança global que foram estabelecidas após a Segunda Guerra Mundial excluem muitos países africanos.

Ele ressaltou a necessidade de reformas para refletir novas dinâmicas de poder e realidades econômicas.

Reformas para evitar fragmentação 

O chefe da ONU alertou que sem reformas, uma fragmentação pode ser “inevitável”.

Guterres adicionou que não se deve permitir um mundo com uma economia global e um sistema financeiro divididos, com estratégias divergentes em tecnologia, incluindo inteligência artificial e com estruturas de segurança conflitantes.

Ele avalia que essa fratura poderia custar 7% do PIB global, de acordo com estimativas do FMI. Para o secretário-geral, o custo seria desproporcionalmente pago pelos países de baixa renda, principalmente na África.

António Guterres destacou que, com sua presença na cúpula, deseja deixar uma mensagem simples: num mundo fraturado e dominado por crises, simplesmente não há alternativa à cooperação.

Redesenhar a arquitetura financeira global

Ao abordar os desafios da África, o secretário-geral disse que, como vítima histórica da escravatura e do colonialismo, o continente continua a enfrentar “graves injustiças”, incluindo disparidades econômicas e rápidas alterações climáticas.

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Ele recomenda que a arquitetura financeira global seja redesenhada e a uma ação climática intensificada, destacando o seu Pacto de Solidariedade Climática e a sua Agenda de Aceleração.

António Guterres lembrou que os países desenvolvidos também devem cumprir as promessas aos países em desenvolvimento, financiando em US$ 100 bilhões as ações de adaptação, reabastecendo o Fundo Verde para o Clima e operacionalizando o fundo de perdas e danos.

Ação coletiva

Guterres concluiu com um apelo à ação coletiva, ressaltando que a humanidade não será capaz de resolver os seus problemas comuns de forma fragmentada.

Ele reforçou o apelo de trabalho conjunto para promover “o poder da ação universal, o imperativo da justiça e a promessa de um futuro melhor”.

Publicado originalmente em ONU News

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