O bem-estar de mais de 500 mil crianças rohingya está em risco devido ao corte nas remessas assistenciais de alimentos aos campos de refugiados em Bangladesh, advertiu a ong Save the Children.
No campo de refugiados mais povoado do mundo, Cox’s Bazar, os rohingya vivem com apenas US$0,27 por dia, em meio a cortes do Programa Alimentar Mundial (PAM). A situação é particularmente crítica dado que os refugiados são proibidos de trabalhar ou deixar os campos.
Zia, refugiada rohingya de 12 anos, cujo nome foi alterado, lamentou: “A última vez que comi uma fruta faz três meses […] Podemos comer frango uma vez no mês”.
Mahbuba, nome fictício, fez coro aos relatos de insegurança alimentar: “Quando vou pegar arroz das redes de assistência, sinto vontade de chorar de tão pouco que nos dão”.
Os cortes degradaram ainda mais a situação do povo rohingya, reiterou a ong, à medida que 45% das famílias não têm uma dieta suficiente e que a desnutrição se torna endêmica. Segundo os índices, ao menos 40% das crianças sofrem atraso no crescimento.
As crianças são justamente as maiores vítimas dos cortes e da miséria, em meio à pressão social para se juntar a gangues locais. Além disso, um quarto das crianças sofrem algum tipo de violência física.
Shaheen Chughtai, diretor nacional da Save the Children, reivindicou um esforço internacional conjunto para atenuar a situação. “O plano de resposta humanitária das Nações Unidas para os refugiados rohingya atingiu apenas 30% de seu orçamento”, advertiu.
“Trata-se de uma crise da infância e essas crianças estão em perigo de se tornarem uma geração perdida”, acrescentou Chughtai. “Elas não podem continuar apátridas e desprotegidas, vivendo sua vida em um limbo à parte”.
Mais de 750 mil muçulmanos rohingya fugiram de Myanmar ao vizinho Bangladesh desde 2017, para escapar do genocídio imposto pelo regime militar, conforme denúncias do Human Rights Watch (HRW).
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