O conflito no Sudão forçou pelo menos 2 milhões de crianças a abandonar suas casas desde o início há quatro meses.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, alerta para a média de mais de 700 novos deslocamentos forçados infantis por hora no país, devido à violência que desde 14 de abril opõe as Forças Armadas e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido.
Histórias inimagináveis de crianças e famílias
A agência da ONU ressalta que mais de 1,7 milhões de menores de idade estejam em movimento em território sudanês e mais de 470 mil tenham atravessado para os países vizinhos.
Nesta quinta-feira, o representante do Unicef no Sudão, Mandeep O’Brien, contou que além do total de crianças desabrigadas pelo conflito em poucos meses, há inúmeras outros menores isolados numa situação requerendo urgência na resposta.
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Ao pedir a restauração imediata da paz, ele descreveu “histórias inimagináveis de crianças e suas famílias, algumas das quais perderam tudo e tiveram que ver seus entes queridos morrerem diante de seus olhos.”
Fronteira para países vizinhos
O Escritório da ONU para os Assuntos Humanitários, Ocha, confirmou que 947 mil pessoas cruzaram a fronteira para a região até segunda-feira. Os países de destino incluem República Centro-Africana, Chade, Egito, Etiópia e Sudão do Sul.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, Acnur, fala de um total de 4,5 milhões de pessoas que foram obrigadas a fugir para dentro e fora do Sudão por causa do conflito. Mais de dois terços deixaram a capital, Cartum. Já da cidade oriental de Nyala, no sul da região de Darfur, foram 50 mil.
O Unicef chama a atenção global para perto de 14 milhões de crianças precisando urgentemente de apoio humanitário. Muitas delas enfrentam várias experiências terríveis todos os dias.
Além de Darfur e Cartum, outras regiões onde acontecem combates intensos incluem o Cordofão do Sul e Oriental. Nessas áreas, há limitações na prestação e no acesso de serviços essenciais às pessoas com necessidades urgentes.
Combinação letal
Com o início do período chuvoso, muitas casas foram destruídas pelas enchentes, resultando em mais famílias fugindo de suas áreas. Além disso, o risco de surtos de doenças, como cólera, dengue, febre do Vale do Rift e chikungunya, é significativamente maior durante as chuvas.
Atualmente, mais de 9,4 milhões de crianças não têm acesso à água potável no Sudão. Pelo menos 3,4 milhões de menores de cinco anos estão em alto risco de doenças diarreicas e cólera.
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Em zonas com elevado deslocamento interno e onde os sistemas de saúde estão sobrecarregados, como os estados do Nilo Azul e Branco, os surtos de doenças, incluindo o sarampo, estão ressurgindo e causando mortes.
O Unicef aponta que a combinação letal de sarampo, subnutrição e deslocamento está colocando a vida das crianças em risco muito elevado.
Cerca de 1,7 milhões de bebês correm o risco de perder vacinações essenciais que salvam vidas e uma geração inteira de crianças provavelmente ficará sem acesso ao sistema de educação.
Publicado originalmente em ONU News