Emergência humanitária no Sudão tem “proporções épicas”

A guerra no Sudão “sustenta uma emergência humanitária de proporções épicas”, de acordo com as Nações Unidas.

Para o subsecretário-geral dos Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, a situação ocorrendo há quatro meses, quando aliada à fome, poderá destruir o país “se aqueles que lutam não colocarem o povo acima da sua busca de poder e recursos”.

Impacto 

Nesta sexta-feira, o chefe humanitário alertou que quanto “mais tempo continuarem os combates, mais arrasador será o impacto” com o potencial da combinação de fome, doenças e deslocamentos atingir todo o país.

Griffiths aponta a grave falta de tratamento em meio a centenas de milhares de crianças gravemente desnutridas e ao risco iminente de morte.

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O subsecretário-geral disse haver outros milhões de sudaneses sem acesso à educação, que foi “substituída pelo trauma da guerra e pelo perigo de se criar uma geração perdida”.

Oferta de cuidados de saúde

A notificação de casos de doenças como o sarampo, a malária, a tosse convulsa, a dengue e a diarreia acontecem numa realidade marcada pela deficiente oferta de cuidados de saúde e com a maioria dos hospitais fora de serviço.

Mais de 3,6 milhões de pessoas vivem como deslocados internos. Quase 1 milhão de sudaneses fugiram para os países vizinhos devido ao conflito opondo o exército e os paramilitares da Força de Apoio Rápido, RSF.

A possibilidade de uma guerra prolongada no Sudão poderia lançar toda a região numa catástrofe humanitária. Griffiths alerta ainda que passou a hora de os envolvidos pensarem na população em primeiro lugar. Ele disse que “a humanidade deve prevalecer”.

Para os civis, a prioridade é oferecer auxílio essencial para o qual os funcionários humanitários precisam de acesso e financiamento. Para ele, a comunidade internacional precisa de “responder com a urgência que esta crise merece”.

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Medicamentos e suprimentos médicos

Os meses de conflito no Sudão geraram insegurança, de modo que o acesso limitado a medicamentos, material médico, eletricidade e água continua um desafio na prestação de cuidados de saúde nos estados diretamente afetados.

Os serviços de saúde em estados que não enfrentam combates ativos também são afetados pela escassez de suprimentos no contexto de um afluxo de pessoas deslocadas internamente que fogem de estados mais afetados.

A Organização Mundial de Saúde, OMS, revelou que entre meados de abril e agosto houve 53 ataques a instalações de saúde, resultando em 11 mortes e 38 feridos. A agência condena os ataques e o prejuízo aos cuidados de saúde, que tendem a piorar.

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Publicado originalmente em ONU News

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