A aliança sudanesa conhecida como Forças por Mudanças Radicais anunciou na terça-feira (29) rejeitar a proposta política do grupo paramilitar Forças de Suporte Rápido (FSR) sobre uma “solução abrangente ao país”, ao estabelecer novos alicerces institucionais do Estado.
“A proposta é uma tentativa da milícia de se converter em força política dominante no Sudão, como se fossem tropas de paz”, alertou a aliança. “Rejeitamos essa violação de princípios, mas não sem pensar. Trata-se de um princípio estabelecido por palavras de ordem e pela vontade revolucionária das ruas”.
A aliança reiterou a urgência de reconstruir o país com base em um Estado civil e reafirmou que “dissolver a milícia sob seu nome de guerra [Forças de Suporte Rápido] é parte integral das demandas populares mesmo antes do conflito”.
A coalizão civil foi fundada em 24 de julho de 2022 com intuito de depor o regime militar de Abdel Fattah el-Burhan, estabelecido via golpe de Estado, e restituir o governo civil do então primeiro-ministro, Abdullah Hamdok.
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Entre suas fileiras, estão grupos políticos e categorias trabalhistas, incluindo a Associação de Profissionais Sudaneses e o Partido Comunista do Sudão.
O comandante do grupo paramilitar, Mohamed Hamdan Dagalo (Hemedti), afirmou na noite de domingo (27) que o sistema de governança no país “deve ser federal, democrático e civil”, conforme um quadro proposto por sua organização.
Desde meados de abril, o exército sudanês e as Forças de Suporte Rápido travam batalhas incessantes, apesar de uma série de cessar-fogos.
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os combates deixaram mais de três mil mortos – na maioria, civis –, além de quatro milhões de deslocados dentro e fora do país.
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