A Autoridade Palestina (AP) apresentou uma lista de demandas à Arábia Saudita a serem tratadas em meio a supostas negociações para normalização de laços entre o reino e Tel Aviv, reportou o website israelense Walla.
Segundo as informações, a monarquia deseja obter garantias de segurança dos Estados Unidos como parte do acordo.
O site de notícias citou seis fontes americanas e israelenses ao sugerir que as ressalvas de Ramallah se referem a Cisjordânia e Jerusalém, incluindo “troca de terras” e esforços para retomar negociações com Israel.
De acordo com a rede Al-Araby Al-Jadeed, uma delegação chefiada por Hussein al-Sheikh, secretário do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), deve visitar Riad na próxima semana, à medida que o país busca consentimento da Autoridade Palestina a um potencial acordo de normalização.
Em contrapartida, a Autoridade Palestina deseja “promover seus interesses” sob as circunstâncias atuais.
O site israelense disse ainda que os palestinos exigem reaver controle civil a partes da chamada Área C da Cisjordânia – termo empregado pelos Acordos de Oslo para ceder territórios à gestão administrativa e militar de Israel.
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Entre outras reivindicações, estão a abertura de um consulado dos Estados Unidos em Jerusalém ocupada e retomada de negociações com Israel para estabelecer um Estado palestino independente.
A lista de demandas “serve de indicativo de que o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e seus acessores decidiram ser pragmáticos e evitar embate com a Arábia Saudita”, afirmou a reportagem.
A abordagem, contudo, contradiz a resposta da Autoridade aos Acordos de Abraão firmados em setembro de 2020, entre o Estado de apartheid, por um lado, e Emirados Árabes Unidos e Bahrein, por outro, em setembro de 2020.
Israelenses alegam que Abbas sabe “que não será capaz de impedir a normalização com a Arábia Saudita”. Conforme seus esforços de relações públicas, “em vez de confrontação, o presidente deseja usar a normalização para obter vantagens”.
Fontes americanas e israelenses afirmam que al-Sheikh é o oficial incumbido de manter comunicação com o reino neste sentido. Do lado saudita, o responsável é o assessor de Segurança Nacional, Musaed al-Aiban.
“Al-Sheikh apresentou um documento a Al-Aiban três meses atrás, incluindo uma lista de decisões em potencial para amparar os palestinos e que os sauditas devem adotar como parte do acordo com Israel”, prosseguiu o website Walla.
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Segundo fontes, parte das condições propostas é que Israel deve ser pressionado a assumir medidas “irreversíveis” na Cisjordânia ocupada, em favor dos direitos palestinos.
Além do consulado americano, fechado pela administração de Donald Trump, a Autoridade pediu a instauração do consulado saudita em Jerusalém, além de medidas favoráveis a suas reivindicações na Organização das Nações Unidas (ONU).
O documento prevê um período transicional de anos, preenchidos com negociações entre Ramallah e Tel Aviv para chegar a uma solução permanente ao conflito.
Outro ponto é a retomada da assistência financeira saudita à Autoridade, interrompida há anos devido a acusações de corrupção e desvio de recursos.
Segundo os relatos, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, está ciente das condições apresentadas. Às vésperas de sua campanha à reeleição, Biden espera angariar um triunfo diplomático na forma da normalização saudita-israelense.
A reportagem observou ainda que a Casa Branca deixou claro ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que será necessário fazer concessões aos palestinos para consolidar o acordo. O governo de extrema-direita de Netanyahu, entretanto, recusou a possibilidade até então.
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