A ministra de Relações Exteriores da Líbia, Najla al-Mangoush, fugiu do país norte-africano após ser exonerada pelo premiê, em meio a uma onda de protestos contra sua reunião de bastidores com seu homólogo israelense, Eli Cohen, na cidade de Roma, na última semana.
O incidente alimentou dúvidas sobre uma eventual aproximação do Governo de União Nacional radicado em Trípoli e Tel Aviv.
Cohen vazou as informações sobre o encontro em nota emitida no domingo (27): “Conversei com a ministra de Relações Exteriores [da Líbia] sobre o enorme potencial das relações entre os dois países”.
Segundo o ministro sionista, ambos debateram “a importância de preservar o patrimônio da comunidade judaica na Líbia, incluindo restauração de sinagogas e cemitérios no país”, além das oportunidades a Tel Aviv representadas pelo “tamanho e localidade estratégica da Líbia”.
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A reunião incitou protestos políticos e civis, incluindo atos de rua na capital Trípoli e outras cidades do país. O premiê líbio, Abdul Hamid Dbeibah, suspendeu Mangoush de seu cargo ainda no domingo, ao prometer investigações.
Segundo fontes do New York Times e da Associated Press, Mangoush voou da Itália rumo à Turquia – apoiador contumaz do regime sediado em Trípoli, reconhecido pela Organização das Nações Unidas.
Não está claro se Dbeibeh e seu gabinete deram aval ao encontro – mediado pelo chanceler italiano, Antonio Tajani.
A chancelaria líbia alegou a princípio que a conversa foi “incidental” e “improvisada”. Diante do revés, no entanto, Mangoush declarou jamais agir sem anuência do premiê.
As revelações alimentaram rumores sobre a razão pela qual Israel confirmou o encontro, apesar do risco imposto ao governo da Líbia. Analistas advertiram ainda que a crise pode dissuadir outros líderes árabes a negociar a normalização com o Estado ocupante.
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