O Iêmen se juntou ao Iraque e Afeganistão no pódio de países com maior contaminação por minas terrestres e outros explosivos mortais abandonados ao redor do mundo, reportou em nota o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Fabrizio Carboni, diretor regional da Cruz Vermelha, comentou nesta segunda-feira (11): “No que se refere à contaminação de armas, Iêmen, Iraque e Afeganistão são os três países mais afetados. É algo devastador, com um enorme impacto sobre as pessoas, sua segurança e sua subsistência”.
O Iêmen, assolado por conflitos entre rebeldes houthis e uma coalizão chefiada pela Arábia Saudita, é um dos países mais pobres do Oriente Médio e Norte da África.
Estima-se um milhão de minas terrestres plantadas ao longo dos anos.
Conforme o Projeto de Monitoramento de Impacto Civil — ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) —, explosivos, minas e outras formas de munição deixadas para trás mataram e feriram ao menos 1.469 civis no Iêmen somente nos últimos cinco anos.
“A presença de artilharia não detonada é massiva”, acrescentou Carboni. “A contaminação é tamanha e tão dispersa que não conseguiríamos descontaminar todo o território mesmo se o conflito terminasse hoje”.
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O conflito desescalou desde abril de 2022, quando entrou em vigor um cessar-fogo mediado pela ONU, e mesmo se manteve estável após o acordo expirar em outubro seguinte. Todavia, levará décadas para limpar o país de explosivos, advertiu Carboni.
Após a retomada de relações entre Irã e Arábia Saudita, sob auspícios de Pequim, as partes no Iêmen também realizaram conversas históricas mediadas por Omã. “Essa é a primeira vez que realmente sinto que há opções políticas concretas e convincentes sobre a mesa e que a violência já não é mais a primeira opção”, observou Carboni.
O Centro de Socorro e Assistência Humanitária Rei Salman, órgão saudita, informou ontem ter desarmado 783 minas terrestres no Iêmen apenas na primeira semana de setembro.
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