Candidato palestino a prefeito é baleado e deixa disputa, expondo negligência de Israel

As consequências letais da negligência deliberada de Israel às comunidades árabe-palestinas no território ocupado em 1948 — quando foi criado o Estado sionista, na ocasião da Nakba ou “catástrofe”, via limpeza étnica — voltaram aos holofotes após Musab Dukhan, candidato a prefeito em Nazaré deixar a disputa, semanas após ser baleado nas ruas.

Dukhan foi hospitalizado no final de agosto, vítima de atiradores ainda não identificados. Ele era o principal adversário do longevo prefeito da maior cidade árabe-palestina nas fronteiras nominais de Israel. Dukhan teve sua casa alvejada em julho, sem feridos na ocasião.

O atentado reflete uma escalada na violência que assola as comunidades árabe-palestinas e transborda à governança local, devido a uma política aberta de marginalização adotada por Israel.

“O ataque a Dukhan extrapolou todos os limites”, disseram fontes anônimas ao jornal Times of Israel. “Isso mostra o quanto os criminosos estão envolvidos nas eleições para remover da disputa quem quer lhes oponha”.

As fontes responsabilizaram autoridades da ocupação israelense pelo surto de criminalidade nas comunidades árabes.

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Taxas de homicídio decolaram desde janeiro, quando o atual governo de extrema-direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tomou posse. Estima-se aumento de 50% em relação ao ano passado.

As taxas de homicídio para cidadãos árabe-palestinos são quase 18 vezes maior do que para cidadãos judeus, o que reflete a guetização de suas comunidades em meio a uma política de apartheid imposta pelo Estado colonial de Israel.

Para piorar, o ministro de Segurança Nacional israelense, Itamar Ben-Gvir, detém um amplo histórico de práticas e declarações racistas contra os árabes. Ben-Gvir, deputado e colono de extrema-direita, alega que os palestinos nativos têm de ser expulsos de toda a região.

Cidadãos árabe-palestinos se sentem inseguros devido às políticas israelenses em contraste com as muralhas erguidas em torno dos assentamentos ilegais exclusivamente judaicos nos territórios ocupados.

A polícia de Israel deixa homicídios que afetam os palestinos em aberto, enquanto aprisiona crianças que atiram pedras contra tanques de guerra na Cisjordânia e Jerusalém. Em regiões análogas a bantustões, todavia, crimes comuns correm livremente.

Uma das causas basilares para o surto na violência é a contenção de recursos às prefeituras árabes, prejudicando as condições de vida e a prestação de serviços em campo. Netanyahu respondeu à crise com promessas vagas, sem qualquer resposta pública adequada.

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Ao comentar sobre o atentado contra Dukhan, o partido árabe Ra’am descreveu a situação em Nazaré como “perigosa”. A cidade tradicional cristã é foco particular da crise: dois filhos do vice-prefeito foram mortos recentemente em incidentes distintos.

Desde janeiro, ao menos 170 cidadãos palestinos de Israel foram mortos em escala nacional.

A crise evidencia décadas de discriminação das autoridades israelenses, que adotam a falta de ação como parte de sua política de limpeza étnica, em detrimento de seus deveres como potência ocupante conforme o direito internacional.

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