A evacuação da cidade de Derna, no leste da Líbia, após enchentes mortais varrerem a área na última semana, é provável, “a depender da situação de saúde em campo”, reconheceu o chefe nacional do Crescente Vermelho, Abdul Salam al-Hajj, nesta segunda-feira (18).
“Há riscos reais à medida que corpos continuam a céu aberto contaminando a água”, alertou al-Hajj em comentário concedido à agência de notícias Anadolu.
Derna foi a cidade mais atingida pelas inundações causadas pela tempestade mediterrânea Daniel, que atingiram a Líbia no domingo retrasado (10), varrendo casas e pessoas ao mar e rompendo duas barragens.
Milhares foram mortos e outros milhares continuam desaparecidos. Não há números exatos até então.
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De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), ao menos 3.958 morreram no país devido às chuvas. Números prévios chegavam a até mesmo 11.300 vítimas.
Neste sábado (16), o ministro da Saúde do governo alternativo em Benghazi, Osama Hamad, declarou que 3.252 corpos foram sepultados até então.
Mais de 40 mil pessoas foram deslocadas, segundo a ONU. Conforme al-Hajj, são cerca de 20 mil deslocados.
Após uma década de instabilidade, a Líbia possui ainda dois governos rivais: um radicado em Benghazi e outro na capital Trípoli. A disputa instiga informações contraditórias e dificulta a resposta adequada ao desastre.
Também no sábado, Haidar al-Sayeh, chefe do Centro Nacional de Controle de Doenças, com sede em Trípoli, declarou estado de emergência por um ano nas regiões atingidas. Conforme al-Hajj, médicos líbios enfrentam dificuldades de acesso e problemas de logística.
“Equipes do Crescente Vermelho trabalham para distribuir ajuda àqueles afetados, resgatar os feridos e recuperar os mortos”, observou al-Sayeh.
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