Autoridades francesas foram acusadas de violar a liberdade de expressão ao prender Ariane Lavrilleux, jornalista investigativa que reportou a colaboração entre Paris e Cairo na fronteira com a Líbia, durante operações que culminaram em execuções extrajudiciais.
Em nota emitida nesta terça-feira (19), a rede investigativa Disclose condenou a prisão como “ataque inaceitável à confidencialidade das fontes”. A reportagem alvejada — publicada dois anos atrás — documentou o uso de inteligência francesa sob pretexto de combater o tráfico humano.
[EN]🚨 Search underway at the home of @Disclose_ngo journalist @AriaLavrilleux. Police officers from the intelligence service (DGSI) have taken our journalist into custody.
This is a new, unacceptable attack on the confidentiality of sources. pic.twitter.com/SBMFzuXpin
— Disclose (@Disclose_ngo) September 19, 2023
A reportagem teve como base documentos confidenciais que implicam o exército francês em 19 ataques aéreos contra civis entre 2016 e 2018.
Em julho de 2022, a Diretoria Geral de Segurança Interna (DGSI) abriu um inquérito contra o artigo por “comprometer segredos de segurança nacional e revelar informações que podem levar à identificação de agentes protegidos”.
O Sindicato dos Jornalistas da Televisão Francesa e a ong Repórteres Sem Fronteiras (FSR) se juntaram ao coro de repúdio contra as violações à liberdade de imprensa, ao advertir contra “ações que prejudiquem o segredo das fontes”.
#France🇫🇷: RSF condemns the taking into custody of journalist @AriaLavrilleux and the search of her home & equipment as part of an investigation into compromising national security. We fear that the actions of the intelligence service DGSI undermine the secrecy of sources. https://t.co/tv1KCMsSUs pic.twitter.com/YAhBvv6Qbb
— RSF (@RSF_inter) September 19, 2023
Segundo os relatos, policiais da agência detiveram Lavrilleux nesta terça, ao revistar sua casa em busca de informações sobre o vazamento.
A operação teve início em fevereiro de 2016, durante o mandato do ex-presidente François Hollande, e prosseguiu ao governo seguinte apesar de apreensões expressas da Diretoria de Inteligência Militar (DRM) e da Força Aérea sobre as violações do Egito.
Virginie Marquet, advogada de Lavrilleux, argumentou que a prisão “ameaça gravemente a confidencialidade das fontes”, dado que o artigo “revelou somente informações de interesse público”.