Kamel Rayan, liderança da comunidade palestina no território designado Israel, fez um apelo à Organização das Nações Unidas (ONU) para que intervenha em defesa da minoria árabe no Estado ocupante. Rayan encaminhou seu pedido a Khaled Khiari, secretário-geral adjunto da ONU para Oriente Médio, Ásia e Pacífico.
Rayan preside o Centro Aman para Segurança da Sociedade Árabe, que monitora índices de criminalidade no território ocupado em 1948 — na ocasião da Nakba ou “catástrofe”, como os palestinos descrevem a criação do Estado de Israel, mediante limpeza étnica.
Sua entidade tem como missão reivindicar das autoridades israelenses resposta adequada a taxas de violência nas comunidades árabe-palestinas, marginalizadas por políticas históricas do regime colonial de apartheid.
Seu alerta destacou a disparidade nas taxas de homicídio: embora números oficiais calculem que os palestinos sejam somente um quinto da população, seus índices de fatalidade são 29 vezes maiores quando comparados aos colonos judeus.
O número de vítimas de crimes violentos nas comunidades árabes chegou a 115 óbitos para cada milhão de habitantes, entre janeiro e agosto deste ano; nas comunidades judaicas, são apenas quatro mortes para cada milhão. Nos territórios ocupados sob gestão da Autoridade Palestina, a estimativa gira em torno de dez vítimas para cada milhão.
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Rayan acusou Israel de negligenciar a vida dos “cidadãos árabes-israelenses”, ao negligenciar o combate ao crime organizado e ao armamento irrestrito da população.
Desde o início de 2023, quando tomou posse o atual governo de Benjamin Netanyahu, com a nomeação do extremista Itamar Ben-Gvir como ministro de Segurança, houve recordes de aumento nos incidentes de violência nas comunidades árabes.
Detalhes cedidos à ONU se baseiam em estatísticas do Centro de Pesquisa e Informações do Knesset — o parlamento israelense —, que corroboram a tese de negligência deliberada da polícia israelense para conter crimes nas cidades árabes, em franco contraste com esforços de repressão aos palestinos no entorno de assentamentos ilegais.
Al-Khiari alegou interesse na matéria, ao observar que os dados podem permitir intervenção da ONU para preservar os direitos das minorias e combater o racismo. Sua equipe confirmou a possibilidade de submeter um relatório sobre o assunto para desenvolver mecanismos de combate à crise.
Rayan se reuniu com emissários de cinco instituições internacionais que também declararam intenção de ajudar na matéria, diante de políticas israelenses estruturalmente racistas e da escalada alarmante nas taxas de óbito, sobretudo entre mulheres e crianças.
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