Yair Lapid, líder da oposição e ex-premiê israelense, expressou seu forte repúdio a permitir o enriquecimento de urânio pela Arábia Saudita, ao alegar ameaças à segurança de Israel, no mais recente sinal de que a estrada à normalização entre o reino e a ocupação, mediada por Washington, continua repleta de obstáculos.
Lapid, chefe do partido Yesh Atid, afirmou nesta quinta-feira (21) que estabelecer laços com a monarquia seria “bem vindo”, mas que Tel Aviv deve rejeitar as demandas nucleares.
“Democracias fortes não sacrificam sua segurança por interesses políticos”, alegou Lapid nas redes sociais. “É perigoso e irresponsável”.
Israel é tomado por protestos de massa por “democracia” desde o começo do ano, contra a reforma judicial do controverso governo de Benjamin Netanyahu. A tese de “democracia” no Estado ocupante, porém, é uma falácia, dadas denúncias de grupos de direitos humanos — como Anistia Internacional e Human Rights Watch — de que Israel impõe um severo regime de apartheid contra os palestinos.
Segundo relatos, a Arábia Saudita concordou em normalizar relações com Israel em troca de garantias de segurança concedidas pela Casa Branca de Joe Biden, em busca de uma vitória diplomática às vésperas do ano eleitoral.
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O programa nuclear saudita, assim como a ocupação israelense, surgiram como alguns dos aspectos de maior divergência para um eventual acordo.
Nesta semana, Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de facto da Arábia Saudita, citou a recusa israelense em fazer concessões à questão palestina como persistente obstáculo. Na mesma entrevista, insistiu que, caso o Irã garanta seus direitos a um programa nuclear, a monarquia também pode fazê-lo.
Os alertas de Lapid servem de resposta ao príncipe. Israel é hoje o único Estado do Oriente Médio que possui armas nucleares, embora não confirme publicamente seu arsenal.
Alguns oficiais israelenses sugerem que, caso Washington tente obstruir o programa nuclear saudita, a monarquia pode recorrer a outras potências atômicas, como China e França, para consolidar suas ambições.
Segundo relatos, o governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu está mais disposto a ceder na questão atômica do que na questão palestina.
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