Além de ceifar milhares de vidas, o terremoto que atingiu o Marrocos no dia 8 de setembro deixou um rastro de destruição em diversas cidades, incluindo mesquitas e sítios históricos milenares, segundo informações da agência Anadolu.
O trabalho de análise de danos começou em diversas regiões, sobretudo Marrakech, capital do país por séculos, envolvendo monumentos reconhecidos como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
Hassan Taouchikht, do Instituto de Arqueologia e Patrimônio Nacional, descreveu o tremor de terra como um desastre de larga escala pois não afetou apenas pessoas, casas e animais, mas também a paisagem urbana, histórica e turística.
Segundo Taouchikht, as estruturas atingidas abarcam três categorias: patrimônios mundiais, nacionais ou islâmicos. “Todos os itens parcial ou totalmente destruídos têm valor histórico e representam perdas arqueológicas”, acrescentou. “Palavras não bastam para descrever tais perdas”.
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O Marrocos foi tomado por um terremoto de magnitude 7 em 8 de setembro, deixando três mil mortos e ferindo milhares. A medina de Marrakech sofreu danos consideráveis, a 72 km do epicentro do maior terremoto a atingir o país em um século.
Apelos à Unesco
Ao reiterar a urgência de restaurar, preservar e melhorar as condições de prédios históricos, para que continuem a retratar o esplendor da civilização marroquina, Taouchikht reivindicou da Unesco que envie uma delegação para avaliar os danos e auxiliar na resposta.
Segundo Taouchikht, o governo marroquino deve agir também para restaurar sítios culturais em Taroudant, Ouarzazate e Chichaoua.
Cidade Velha de Marrakech
O terremoto causou numerosos desmoronamento na Cidade Velha de Marrakech, em torno da praça Jemaa El-Fnaa, um dos principais cartões postais da cidade. O famoso minarete no centro da praça desabou.
Residentes saíram às vielas nos arredores da praça para tentar se proteger de desabamentos causados por tremores subsequentes.
Portão de Debbagh
A Cidade Velha de Marrakech é cercada por fortificações milenares. O portão de Debbagh é um dos acessos mais célebres às ruas estreitas do distrito histórico.
Estima-se que o portão foi construído em 1147 durante o califado almóada, dinastia berbere que governou por um tempo o Norte da África e a Andaluzia.
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O portão é batizado em honra a artesãos que possuíam lojas de couro e peles na vizinhança.
Bairro de Mellah
O bairro de Mellah, ou Mellah de Marrakech, antigamente conhecido como Hay Essalam, é o quarteirão judaico da cidade histórica, datado de 1557, durante o sultanato saadiano, outra dinastia islâmica que governou o país.
Após o terremoto, escombros cobriram as vielas e prédios antigos desmoronaram, telhados de residências locais foram danificados e fissuras apareceram nas paredes.
Os residentes do bairro passaram a primeira noite após a catástrofe nas ruas, com medo de novos tremores destruírem suas casas.
Mesquita de Tinmel
Situada na cidade de Tinmel, a mesquita homônima foi erguida em 1148 no reinado de Abd Al-Mu’min, fundador da dinastia almóada, e manteve sua estrutura por nove séculos.
Após o recente terremoto, no entanto, sofreu danos consideráveis.
Muralhas de Taroudant
A cidade fortificada de Taroudant é célebre por abrigar a terceira maior muralha do mundo, um dos mais importantes monumentos históricos do Marrocos.
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A estrutura data de 1515, com sete a dez metros de altura, sete a oito metros de espessura e cerca de oito quilômetros de extensão. Sua construção transcendeu dinastias, ao proteger a cidade por séculos como marco notável da arquitetura.
Castelo de Agadir Ofella
Imagens dos danos ao castelo de Agadir Ofella, cartão postal da cidade de Agadir, na região central do Marrocos, circularam nas redes sociais após o desastre. Partes da estrutura antiga desabaram.
O terremoto de setembro não é o primeiro a atingir a cidade. Em 1960, Agadir foi assolada por outro tremor de larga escala. O castelo, no entanto, sobreviveu.