O Conselho Presidencial da Líbia, sediado em Trípoli, disse neste domingo (24) que a falta de um “sistema unificado de gestão de crise” no país norte-africano vem frustrando esforços de socorro internacional para reagir à destruição deixada pelas enchentes de 10 de setembro.
“O apoio internacional àqueles afetados pelo desastre requer a confiança das vítimas e uma instituição especializada e unificada na Líbia”, declarou Mohamed al-Menfi, chefe do comitê executivo, na rede social X (Twitter).
“As autoridades eleitas conforme nossa constituição são aquelas que têm controle sobre os recursos nacionais suspensos”, acrescentou.
Seu vice, Abdullah al-Lafi, ecoou o alerta em reunião com Agapios Kalognomis, encarregado de negócios da embaixada grega na Líbia.
Há alguns dias, uma disputa se deflagrou sobre qual instituição nacional deveria administrar os recursos estrangeiros ofertados ao país para responder às enchentes.
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A Líbia continua dividida entre dois governos rivais: um nomeado pela chamada Câmara dos Representantes em Benghazi, chefiado por Osama Hammad; outro em Trípoli, reconhecido internacionalmente como Governo de União Nacional.
Na falta de uma constituição permanente, as partes em disputa conduzem negociações para chegar a eleições gerais, alicerçadas sobre uma base constitucional provisória, à medida que esforços internacionais seguem no mesmo sentido.
“A escala do desastre é imensa”, reiterou al-Lafi. “Isso dificulta os esforços das equipes locais e internacionais, sobretudo na ausência de um sistema unificado de gestão de crise.
Na noite de sábado (23), mais de 70 aeronaves de 24 países e oito embarcações, com carga humanitária, chegaram à Líbia, com destino às vítimas das inundações.
No domingo, um comitê afiliado ao governo em Benghazi anunciou que as mortes causadas pela tempestade mediterrânea Daniel chegaram a 3.868 vítimas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou um índice similar (3.958 mortos) em 16 de setembro.
Cerca de dez mil pessoas continuam desaparecidas.
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