Desde 2022, mais de 1.100 palestinos de 28 comunidades sofreram deslocamento devido à escalada de violência israelense e obstrução de acesso a terras tomadas por colonos ilegais, alertou o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) na última semana.
No mesmo período, ao menos 1.614 incidentes relacionados a colonos incorreram em baixas ou danos a propriedades palestinas, com uma média mensal de 80 casos — recorde desde o início dos registros em 2006.
Quatro comunidades foram completamente esvaziadas de sua população nativa. Outras seis tiveram sua população cortada pela metade.
“Ao longo deste ano, as Nações Unidas documentaram níveis sem precedentes de violência colonial contra os palestinos”, comunicou Lynn Hastings, coordenadora humanitária para os territórios ocupados.
“A comunidade humanitária busca responder a suas demandas imediatas, mas estas sequer existiriam se direitos fundamentais fossem respeitados”, acrescentou Hastings.
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Dez mil pessoas estão abrigadas em comunidades monitoradas pela ONU, à espera de ajuda urgente para sobreviver. A situação decorre da escalada colonial e da recusa das autoridades israelenses em responsabilizar os agressores, explicou o alerta.
Os palestinos também são privados dos direitos à construção civil em suas terras, vítimas de demolições, despejos, restrições de movimento e expansão colonial contínua. Tudo isso cria um ambiente coercitivo que contribui à transferência forçada, em grave violação da Quarta Convenção de Genebra, reiterou a ONU.
O relatório diz ainda que pastores palestinos requerem ajuda para alimentar e proteger seus rebanhos e suas famílias.
As demandas humanitárias compreendem necessidades básicas, como habitação, educação, saúde, alimentação e saneamento.
A expansão de assentamentos ilegais é promovida há sete décadas por sucessivos governos em Israel, como parte de uma política de Estado de limpeza étnica. O atual premiê Benjamin Netanyahu declarou os assentamentos como prioridade máxima de seu mandato.
Bezalel Smotrich, ministro das Finanças e militante colonial de extrema-direita, administra a pauta dos assentamentos e prometeu ampliar obras e “legalizar” postos avançados — isto é, construídos sem autorização de Tel Aviv.
Todos os assentamentos e postos avançados são ilegais sob o direito internacional.
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