O Líbano arrisca ser “ostracizado” internacionalmente caso o vácuo presidencial que já dura quase um ano se arraste ainda mais, alertou Jean-Yves Le Drian, enviado especial da França ao país levantino, em entrevista divulgada nesta terça-feira (26).
A presidência continua vaga desde o fim do mandato de Michel Aoun em outubro passado. O parlamento fracassou 12 vezes em eleger um sucessor; a última tentativa foi em junho.
Le Drian disse ao jornal libanês L’Orient-Le Jour que planeja realizar uma série de “consultas” com agentes políticos na esperança de convencer o presidente do parlamento, Nabih Berri, a reunir a câmara em “sessões abertas e consecutivas”.
“Tenho esperanças de que todos estejam cientes de que é necessário achar uma saída; caso contrário, serão ostracizados pela comunidade internacional”, comentou Le Drian. “Ninguém vai querer vê-los e não vai adiantar pedir socorro aqui e acolá”.
A vacância aprofundou tensões sectárias no Líbano, assolado pelo colapso financeiro e uma paralisia política sem precedentes, com um governo interino com poderes limitados.
O Líbano tampouco conseguiu aprovar reformas exigidas para ganhar acesso a US$3 bilhões em recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI). O órgão culpou “interesses privados” pela falta de progresso.
Países doadores passaram a financiar serviços públicos; porém, mostram-se frustrados pelos apelos incessantes do país, sem uma solução no horizonte.
Le Drian alertou que cinco países — Estados Unidos, França, Catar, Arábia Saudita e Egito — passaram a reavaliar seus esforços assistenciais à luz do impasse. “Eles se perguntam quanto tempo mais terão de ajudar o Líbano”, destacou o ex-ministro.
Há risco de sanções contra políticos e grupos que obstruem avanços, advertiu Le Drian.
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