O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, está pressionando a Alemanha a aprovar o envio de jatos combatentes à Arábia Saudita, em aparente tentativa de conter a crise econômica que assola o Estado britânico.
Segundo reportagem do Daily Telegraph, ao citar fontes anônimas, o governo de Sunak emitiu um apelo privado ao chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, para que suspenda o veto à entrega de jatos Eurofighter Typhoon à monarquia islâmica.
Em julho, Scholz reiterou a negativa de Berlim, ao menos no futuro próximo.
A Arábia Saudita já obteve 72 unidades da aeronave e assinou um memorando de entendimento com o Reino Unido, há cerca de cinco anos, para adquirir outros 48 jatos, em uma venda estimada em mais de £5 bilhões (US$6 bilhões).
Neste entremeio, no entanto, Londres e Berlim suspenderam as exportações de armas ao reino saudita devido a sua intervenção no Iêmen.
Ponderações sobre a venda voltaram à tona em julho, após um novo cessar-fogo mediado pelas Nações Unidas e uma retomada considerável no diálogo entre Riad e as forças rebeldes houthis — ligadas a Teerã.
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O jato Eurofighter Typhoon é fabricado desde meados da década de 1980, por meio de um consórcio de empresas militares como a BAE Systems britânica e companhias alemãs, italianas e espanholas, com suporte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
A participação alemã dá a Berlim poder de veto sobre eventuais vendas.
Parte do assertivo lobby britânico inclui, segundo relatos, ameaças ao governo alemão de remoção do programa por meio de uma cláusula legal.
O acordo é usado por populistas de direita estabelecidos em Londres como favorável à economia do país, sobretudo ao supostamente preservar milhares de empregos nas fábricas da BAE Systems no norte da Inglaterra.
Conforme relatório da empresa publicado no ano passado, o programa contribui anualmente com £1.4 bilhão (US$1.7 bilhão) à economia, além de cinco mil empregos diretos e 15 mil empregos indiretos, tornado-o um recurso estratégico ao país.
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