França impede ativista de discursar contra a islamofobia em fórum na Polônia

Muhammad Rabbani, diretor internacional da ong de direitos humanos CAGE, que trabalha para ajudar comunidades afetadas por políticas discriminatórias da “guerra ao terror”, teve sua entrada na Polônia negada devido a instruções das autoridades francesas.

Rabbani deveria discursar na Conferência de Dimensão Humana de Varsóvia, da Organização para Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), entidade regional com 57 países.

Sua fala deveria se concentrar na islamofobia promovida pelo Estado francês, como ocorreu no ano passado. Um mês depois das denúncias, a França deu início a uma campanha contra Rabbani, ao expulsá-lo do país.

Dessa vez, as violações chegaram à Polônia, por meio de informações compartilhadas entre os países para silenciar a dissidência. A perturbadora sequência de eventos confirma que as denúncias de políticas contra a minoria islâmica causam desconforto em Paris.

Segundo a CAGE, trata-se de flagrante ataque à liberdade de expressão, que prejudica a credibilidade da OSCE como plataforma de diálogo e direitos humanos.

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“Além disso, contradiz a luta histórica da Polônia contra o totalitarismo, que assolou o país durante a era soviética, assim como suas credenciais como democracia liberal”, declarou a organização em comunicado.

A CAGE pediu à comunidade internacional que condene tais ações, ao reiterar a importância do debate aberto sobre questões críticas como a discriminação. As ações francesas, explicou o alerta, servem para lembrar que a luta por justiça requer rigoroso compromisso.

“A França busca impedir nossa entidade de conscientizar o público internacional sobre sua perseguição sistemática contra os muçulmanos”, observou Rabbani. “Porém, tais objetivos não terão êxito dado que meus colegas da CAGE estarão no evento junto de emissários de diversos países representando a sociedade civil e a comunidade islâmica”.

“Não seremos silenciados”, acrescentou Rabbani.

Rabbani descreveu as medidas restritivas como “táticas disruptivas e autoritárias”, ao enfatizar que sua entidade “contestará tais ações em âmbito legal para revogar, tenho certeza, as proibições”.

“Tudo isso demonstra que a França está incomodada com o escrutínio público e o fato de que a comunidade internacional está ciente de sua perseguição a cidadãos muçulmanos”, concluiu Rabbani.

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