Doações dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e outros estão financiando a violência e a limpeza étnica imposta contra o povo palestino, denunciou a Campanha de Desinvestimento ao Racismo em seu novo relatório investigativo.
A pesquisa revelou detalhes de como a organização extremista Regavim explora recursos beneficentes para avançar na expropriação e opressão dos palestinos nativos.
A Regavim é uma ong radicada em Israel ligada ao ministro das Finanças, Bezalel Smotrich. Seu objetivo é expandir o controle exclusivamente judaico das terras na Palestina histórica, ao influenciar instituições administrativas, judiciais, legislativas e militares.
Tais esforços, reitera a campanha, servem ao objetivo último de expropriar os palestinos e outras comunidades não-judaicas de suas terras.
A Regavim também reúne dados de comunidades nativas, publica peças racistas, a-históricas e distorcidas, formula propostas políticas de extrema-direita e engaja-se em processos legais para alcançar seus objetivos.
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A campanha descreve a Regavim como parte de um “amplo sistema internacional sem fins lucrativos que continua a exercer um papel crucial em promover o programa israelense de colonialismo de assentamentos e apagamento autóctone”. Tais fundações “representam a ponta de lança do movimento sionista”, prosseguiu o relatório.
A ong israelense recorre sobretudo a contribuições isentas de imposto para subsidiar seus esforços de transferência forçada. O grupo promove a violência e o ódio e conduz ataques contra aldeias nativas, manobras de vigilância — incluindo uso de drones para monitorar a construção civil — e demolição de casas em parceria com a ocupação.
A Regavim também está por trás de campanhas publicitárias de cunho racista que retratam os palestinos originários como “invasores”, além de promover há mais de uma década atos de apagamento contra comunidades beduínas, como Khan al-Ahmar, na Cisjordânia.
O relatório expõe ainda laços íntimos entre a ong e políticos de direita e extrema-direita; esforços para organizar linchamentos coloniais; lobby para endurecer políticas contra os direitos palestinos; incitação religiosa e desvio de recursos beneficentes.
Segundo a pesquisa, a ong israelense usa seu status de entidade sem fins lucrativos para orquestrar atos de violência, como os ataques a palestinos na cidade de Lod em maio de 2021, deixando mortos e feridos.
Apesar de obscurecer suas fontes, análises mostram que a Regavim recorre particularmente a doadores estrangeiros para canalizar doações isentas de imposto, via intermediários como o Fundo Central de Israel. Conforme o estudo, há lacunas substanciais no orçamento público e nos recursos declarados da Regavim.
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As táticas de vigilância, deslocamento, violência e opacidade fiscal violam parâmetros básicos para definir a Regavim como fundação beneficente, sob as leis tributárias dos Estados Unidos e do Canadá, destacou o relatório.
A campanha reivindicou das autoridades relevantes que revoguem o status de entidade sem fins lucrativos da ong israelense, para conter o fluxo de doações que culminam em violações de direitos humanos e crime de limpeza étnica.
Doações internacionais a associações racistas e coloniais de Israel têm implicações graves e duradouras, alertou o relatório. Tais organizações usam recursos estrangeiros para financiar atividades que perpetuam a opressão estrutural, a violência sistêmica e o apartheid.
A Regavim é apenas uma das muitas entidades coloniais que desviam recursos beneficentes para expulsar os palestinos de sua terra.
Como observa a Campanha de Desinvestimento ao Racismo, “Quando recursos de doadores internacionais são canalizados a órgãos israelenses que executam e perpetuam a violência e a opressão, não apenas se agrava a violência, como acelera o apagamento das comunidades nativas”.
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