Operação de resistência palestina pega Israel de surpresa, veja atualizações até então

Em torno das 6h15 da manhã deste sábado (7), a resistência palestina lançou a maior campanha de artilharia de sua história em direção aos assentamentos israelenses nos arredores de Gaza, sob a chamada Operação Tempestade de Al-Aqsa.

Veja a seguir alguns incidentes que marcaram o dia:

Mohammad Deif, chefe das Brigadas al-Qassam, braço armado do grupo Hamas, confirmou o disparo de cinco mil foguetes em direção a Israel. O exército ocupante divulgou o número de 2.200 projéteis.

A título de comparação, grupos da resistência palestina lançaram cerca de quatro mil foguetes nos 50 dias dos massacres israelenses a Gaza em 2014.

O sistema antimísseis Domo de Ferro interceptou boa parte dos foguetes, segundo repórter da agência Anadolu. Sirenes ressoaram no centro de Israel e na metrópole de Tel Aviv, além de Rehovot, Rishon Lezion e na base aérea de Palmachin.

 

Combatentes palestinos também atravessaram a fronteira rumo ao território considerado Israel — ocupado durante a Nakba, ou “catástrofe”, de 1948, como os palestinos chama a criação do Estado de apartheid via limpeza étnica.

Colonos postaram vídeos nas redes sociais de combatentes da resistência caminhando pelas ruas de suas comunidades. A mídia israelense confirmou a presença de militantes palestinos no assentamento de Sderot.

Surpreendidos, soldados da ocupação não conseguiram reagir. O jornal Times of Israel reportou infiltração de combatentes palestinos, confrontos e baixas.

Palestinos rompem cerca da fronteira nominal em Gaza, em 7 de outubro de 2023 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

 

O jornalista israelense Emanuel Fabian reportou baixas entre colonos e soldados dentro dos assentamentos de Israel. O Magen David Adom — serviço de resgate nacional — estimou 40 mortos e 740 feridos pela operação de resistência.

Entre os mortos, está Ofir Liebstein, chefe do assentamento de Sha’ar Hanegev. O conselho municipal alegou que Liebstein “saiu em defesa da cidade durante o ataque terrorista [sic]”. Seu vice, Yossi Keren, assumiu o cargo.

O Hamas diz ter capturado diversos reféns. Acredita-se que os prisioneiros de guerra abarcam soldados e civis — isto é, colonos.

Vídeos sugerem que alguns foram levados a Gaza.

O website das Brigadas al-Qassam publicou uma imagem de cerca de dez soldados israelenses capturados, com as mãos atadas nas costas.

Segundo a rádio israelense, foram capturados 35 israelenses.

Nazaré [Quds Press]

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou “estado de emergência” em uma área de 80 km a partir da fronteira de Gaza.

Gallant insistiu que o Hamas cometeu um “grave erro”, ao confirmar que reservistas serão chamados em larga escala; números ainda são incertos.

A “situação extraordinária” permite às Forças Armadas do governo ocupante intensificar restrições de assembleia e movimento em cidades como Tel Aviv e Beersheba, além dos territórios palestinos ocupados.

Ao menos 198 pessoas foram mortas e 1.610 ficaram feridas na Faixa de Gaza, nas primeiras horas da retaliação israelense.

Aviões de guerra israelenses responderam com a chamada “Operação Espadas de Ferro” — mais uma rodada de bombardeios contra Gaza.

Em uma imagem publicada pela agência Reuters, palestinos celebram enquanto um tanque da ocupação pega fogo; o veículo foi levado à região de Khan Younis. Tropas que guardavam o veículo foram capturadas.

Mohammad al-Salhi [Reprodução]

“Cidadãos de Israel, estamos em guerra”, declarou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em vídeo gravado no quartel-general de Tel Aviv. “O inimigo pagará um preço sem precedentes. Estamos em guerra e vamos vencer”.

Foguetes palestinos em resposta aos bombardeios israelenses contra Gaza, em 7 de outubro de 2023 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

General israelense Nimrod Aloni [Reprodução]

Musa Abu Marzouq, vice-presidente do gabinete político do Hamas, reiterou: “A resistência palestina não começou o ataque, mas reagiu às muitas violações contínuas de Israel contra nossos direitos, nosso povo e a Mesquita de Al-Aqsa”.

Em entrevista à Al Jazeera, Saleh al-Arouri, figura de liderança e cofundador das Brigadas al-Qassam, corroborou: “Tudo é possível e estamos prontos para uma invasão por terra”. Al-Arouri disse que Israel planeja um ataque a Gaza e Cisjordânia há anos.

Ismail Haniyeh, líder do gabinete político do Hamas, observou à televisão: “Alertamos Israel uma e outra vez para não brincar com fogo no que se refere à Mesquita de Al-Aqsa. Porém, não quiseram nos ouvir”.

“Assinei uma ordem instruindo a Companhia de Eletricidade de Israel a interromper o fornecimento de energia à Faixa de Gaza”, declarou o ministro israelense, Yisrael Katz.

Gaza abriga dois milhões de pessoas em um dos territórios mais densamente povoados do mundo, que já vive sob cerco militar e pouquíssimas horas de energia elétrica por dia, sob ações restritivas da ocupação israelense.

Após o início da Operação Espadas de Ferro, palestinos em campo reportaram diversas explosões contra áreas civis da Faixa de Gaza.

“A situação não é nada boa. Posso assegurar que não estamos prontos, mas uma noite dura nos aguarda. Não há lugar seguro”, relatou Enas Keshta, moradora de Rafah, no sul de Gaza, à rede de notícias Al Jazeera.

Nas semanas anteriores, tensões escalaram na fronteira nominal entre Gaza e Israel, após sucessivos recordes de letalidade entre os palestinos nas mãos de soldados e colonos em Jerusalém e Cisjordânia ocupada.

Ao menos 247 palestinos foram mortos por forças israelenses desde janeiro, contra 32 israelenses e dois estrangeiros.

O direito internacional prevê a resistência à ocupação e colonização como legítima — incluindo a resistência armada.

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