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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Diante de ataques israelenses a áreas civis, resistência de Gaza avalia executar reféns

Abu Obeida, porta-voz das Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, em Rafah, na Faixa de Gaza, em 31 de janeiro de 2017 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

Abu Obeida, porta-voz das Brigadas al-Qassam, braço armado do Hamas, afirmou nesta segunda-feira (9) que o grupo de resistência considera a execução de um prisioneiro de guerra israelense a cada vez que o exército ocupante atingir áreas civis da Faixa de Gaza sitiada sem aviso prévio, segundo informações da agência Anadolu.

“Para cada um de nosso povo que for bombardeado em sua casa sem aviso prévio, lamentamos dizer que teremos de executar um dos reféns”, declarou Obeida.

Segundo Obeida, a política tem como intuito responsabilizar a liderança israelense por suas decisões perante o mundo.

Pouco antes, a rádio militar israelense destacou: “Tel Aviv decidiu manter os ataques contra Gaza, mesmo que signifique ferir nossos cidadãos”. No Estado de Israel, todos têm de servir as Forças Armadas — civis em idade adulta são reservistas ou reformados.

Gaza, em contrapartida, não tem exército regular. Como uma das áreas mais densamente povoadas do mundo, com 2.4 milhões de habitantes, metade crianças, a maioria são civis que vivem como refugiados.

Os bombardeios israelenses, portanto, representam crimes de guerra conforme a lei internacional.

LEIA: Bombardeios de Israel matam 765 pessoas e ferem quatro mil até então

Não se sabe o número exato de israelenses capturados como  prisioneiros de guerra pela Operação Tempestade de Al-Aqsa, deflagrada pela resistência palestina no último sábado (7). O Canal 12 da televisão israelense, no entanto, estima mais de cem.

A Operação Tempestade de Al-Aqsa foi lançada por volta das 6h15 da manhã de sábado contra postos militares e assentamentos no território designado Israel — isto é, tomado durante a Nakba ou “catástrofe”, mediante limpeza étnica, em 1948.

A ação é resposta às violações do regime de apartheid na Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, à escalada de violência colonial na Cisjordânia e o cerco militar sufocante imposto contra Gaza há 17 anos.

Antes de ser lançada a mais recente campanha de resistência — a maior em décadas —, esforços de caráter civil foram mobilizados pelo lado palestino.

Apelos por boicote — nos moldes da campanha contra o apartheid na África do Sul — foram criminalizados por regimes ocidentais. Protestos pacíficos da Grande Marcha do Retorno, na cerca nominal de Gaza, encontraram franco-atiradores de Israel e mesmo metralhadoras que operam por reconhecimento facial.

O Hamas buscou as vias políticas, ao vencer as eleições de 2006 e promover tentativas para chegar a um acordo de troca de prisioneiros. Israel não aceitou o resultado, estabeleceu seu cerco sobre Gaza e isolou o grupo no território costeiro — a qual governa desde então.

Esforços humanitários para romper o cerco também se depararam com violência. Em 2010, a embarcação civil Mavi Marmara, parte da chamada Flotilha da Liberdade, foi invadida por comandos israelenses em águas internacionais — o que configura pirataria. Nove ativistas foram mortos e um décimo faleceu de seus ferimentos.

ASSISTA: Israel ataca campo de refugiados superlotado de Gaza

Em retaliação à operação de sábado, Israel proclamou “guerra”, com ataques aéreos indiscriminados a Gaza desde então.

Com base no contexto acima, analistas alertam que as medidas beligerantes por parte de Israel são “contraprodutivas”.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, recorreu a uma retórica racista para confirmar sua nova escalada no cerco e na punição coletiva aos residentes palestinos: “Sem luz, sem comida, sem água. Estamos combatendo animais”.

Segundo a mídia israelense, ao menos 900 israelenses foram mortos e 2.616 ficaram feridos.

O Ministério da Saúde de Gaza afirmou que ao menos 765 palestinos foram mortos desde o fim de semana, incluindo 143 crianças, além de quatro mil feridos. Israel executou outros 17 palestinos na Cisjordânia, incluindo quatro crianças, além de 295 feridos.

Os índices se somam aos recordes de mortes entre os palestinos na Cisjordânia ocupada desde o início do ano.

LEIA: São Paulo realiza ato nesta terça em solidariedade ao povo palestino

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