Europa corta assistência a Gaza, membros divergem sobre resposta à crise

A Comissão Europeia anunciou na segunda-feira (9) a suspensão de sua assistência de desenvolvimento à Palestina ocupada após a recente escalada na região.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Oliver Varhelyi, comissário europeu de política regional, anunciou na plataforma X (Twitter) que o órgão executivo do bloco — “maior doador aos palestinos” — decidiu suspender por completo seu “portfólio de desenvolvimento” destinado à população civil, no valor de €691 milhões (US$729 milhões).

Varhelyi ecoou a falácia de “terrorismo e brutalidade” ao descrever as ações da resistência nacional palestina contra a ocupação e o apartheid — legítimas sob o direito internacional.

Lideranças europeias — como Charles Michel, chefe do Conselho Europeu; Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia; e Josep Borrell, chefe de diplomacia — alegaram repúdio “aos ataques múltiplos e indiscriminados do Hamas em Israel”.

A medida, entretanto, não encontrou consenso. Yolanda Diaz, vice-premiê em exercício da Espanha, condenou a decisão de congelar recursos à população de Gaza como “ultrajante, autêntica traição da Europa a seus próprios princípios fundadores”.

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Para Diaz, “a Comissão Europeia tem de retificar sua abordagem para liderar uma ação internacional para obter a paz e não para punir toda uma população”.

Diaz é líder do partido Sumar, membro da coalizão espanhola. No entanto, segundo a agência Europapress e o jornal El Diario, o descontentamento é generalizado entre as lideranças do país.

Conforme informações, o ministro de Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, pediu a Varhelyi que reconheça sua “divergência” sobre o assunto. Segundo fontes, Albares e outros chanceleres não estavam cientes do anúncio.

Albares pediu a Borrell que discuta devidamente a matéria durante um encontro emergencial do bloco nesta terça-feira (10).

Fontes no governo irlandês também expressaram desacordo, ao contestar a “base legal” da medida unilateral.

Horas após o anúncio da Comissão Europeia, Janez Lenarcic, comissária de gestão de crise, contrapôs a abordagem: “Embora eu condene veementemente o ataque terrorista [sic] do Hamas, é imperativo proteger civis e respeitar a lei humanitária internacional. Nossa ajuda aos palestinos continuará pelo tempo que for necessário”.

Medo de um incêndio

O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, advertiu a comunidade internacional sobre os riscos de um conflito abrangente no Oriente Médio, segundo a agência de notícias Anadolu.

A jornalistas em Hamburgo, antes de um encontro dos gabinetes francês e alemão, Scholz insistiu que ambos os regimes europeus se mantêm ao lado de Israel contra a ofensiva do Hamas.

No entanto, reafirmou: “Não podemos transformar isso em um incêndio que tome toda a região. Nessa situação, ninguém pode jogar mais gasolina na crise. Coordenaremos ações com nossos parceiros na região”.

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Segundo o relato, Scholz e o presidente da França, Emmanuel Macron, devem telefonar ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e ao premiê britânico, Rishi Sunak, para debater os acontecimentos.

O chanceler alemão parece manter posições contraditórias. Scholz expressou apoio a supostos esforços do Egito para negociar um cessar-fogo. Não obstante, telefonou ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para garantir seu apoio.

Conjuntura

Em torno das 6h15 da manhã deste sábado (7), a resistência palestina lançou a maior campanha de artilharia de sua história em direção aos assentamentos israelenses nos arredores de Gaza, sucedida por incursões por terra e captura de soldados e colonos.

Israel reagiu ao declarar “guerra” à população civil da faixa costeira, com ministros de alto escalão descrevendo os palestinos como “animais” e reivindicando seu extermínio. Desde então, bombardeios incidem sobre Gaza.

Todos os assentamentos israelenses nos territórios ocupados, assim como seus colonos, são ilegais sob a lei internacional. Em contrapartida, toda resistência à ocupação e colonização é considerada legítima — incluindo a resistência armada.

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Gaza vive sob cerco militar israelense por ar, mar e terra desde 2006.

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que 2.1 milhões de pessoas nos territórios palestinos ocupados dependem de assistência humanitária para sobreviver — incluindo ao menos um milhão de crianças.

Em resposta à surpreendente ação de resistência do último sábado, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ordenou a suspensão no envio de comida, água, insumos e eletricidade elétrica, ao descrever os 2.4 milhões de palestinos de Gaza como “animais”.

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