Shahd Albanna é uma jovem brasileira, de 18 anos, que vive na Faixa de Gaza, território palestino que há cinco dias sofre intensos ataques aéreos de Israel e bloqueio total de eletricidade, água e fornecimento de gás.
O Governo de Benjamin Netanyahu lançou a ofensiva depois de o movimento Hamas ter atacado o território israelense no último sábado, no quadro de um conflito que dura há mais de 75 anos a partir d0a ocupação sistemática e da violência exercida por Telavive contra o povo palestino.
A Prensa Latina transmite as declarações de Shahd Albanna de Gaza aos jornalistas brasileiros Diana Emidio e ao editor Lucas Siqueira para divulgar o que ali acontece.
“Meu nome é Shahd, sou brasileira e moro aqui na Faixa de Gaza. O prédio à minha frente tinha três andares e agora só restam escombros. Ontem eles atacaram este prédio. Da janela da casa onde estou vejo os ataques, e ao fundo há muita fumaça.
Estou com um pano na boca por causa do gás fósforo, fica muito difícil respirar. Estou na casa da minha tia, deixamos a nossa há quatro dias porque foi atacada e tivemos que fugir. Estou numa sala com mais de 20 pessoas e estamos há dias sem luz e água.
Estou conversando com meus amigos aqui e também perdi um amigo. Ela faleceu esta tarde. O céu está vermelho, a casa está cheia de fumaça, dificultando a respiração. Queríamos sair de casa, mas infelizmente não temos para onde ir. Temos medo de ir à escola e ser alvo de um ataque.
O povo de Gaza atravessa uma situação terrível. Muitos lugares são atacados sem aviso prévio e civis inocentes também são atacados sem aviso prévio. Eles não têm culpa, não fizeram nada para serem atacados e estão morrendo assim.
Muitas crianças e mulheres estão sofrendo. Não há lugar seguro para ir, nem água, nem eletricidade, nem abrigo. Além disso, estão a utilizar armas proibidas internacionalmente para cometer genocídio. O mundo pode pensar que a resistência é terrorista, mas a realidade é que eles são um exército que defende a sua casa e a sua terra.
As pessoas que vivem aqui em Gaza não são terroristas, pelo amor de Deus, somos seres humanos normais. Eu morei no Brasil, também sou uma brasileira comum. Estes dias estão a deixar-me desesperada e ninguém me controla, nem o Hamas ou qualquer outra pessoa. É sério!
É bom pelo menos saber que alguém acredita em nós agora. Vou me despedir por enquanto, pois meu celular só tem 3% de bateria. Se eu sobreviver, poderemos conversar novamente, e se um dia eu conseguir voltar ao Brasil, espero encontrar você.”
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Publicado originalmente em Prensa Latina