António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), advertiu nesta quarta-feira (11) para a possibilidade de o conflito em curso entre a ocupação israelense e a resistência palestina transbordar à região, ao expressar alarde sobre sinais de uma escalada no Líbano.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Devemos evitar o transbordamento do conflito”, reiterou Guterres a repórteres na sede da ONU, em Nova York. “Estou preocupado com a recente troca de tiros ao longo da Linha Azul [fronteira nominal israelo-libanesa] e ataques reportados do sul do Líbano”.
“Peço a todas as partes e aqueles com influência sobre elas que evitem uma maior escalada”, acrescentou Guterres.
Forças israelenses lançaram novos bombardeios contra a Faixa de Gaza no último sábado (7), após combatentes da resistência palestina atravessarem a fronteira ao território considerado Israel — ocupado durante a Nakba ou “catástrofe”, mediante limpeza étnica, em 1948.
Os confrontos se deflagraram pela chamada Operação Tempestade de Al-Aqsa — ataque surpresa que abarcou milhares de foguetes e infiltração por terra, mar e ar.
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A ação de resistência decorreu de meses de violações à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, além de ataques coloniais na Cisjordânia e 17 anos de cerco a Gaza.
Em retaliação, Israel lançou sua Operação Espadas de Ferro, incluindo bombardeios intensos e corte no abastecimento de água e luz aos 2.4 milhões de palestinos de Gaza. A escalada no bloqueio equivale a punição coletiva e, portanto, crime de guerra.
Sobre a crise humanitária, comentou Guterres: “Suprimentos cruciais, que podem salvar vidas, incluindo combustíveis, alimentos e água, devem poder entrar em Gaza. É preciso acesso humanitário imediato e desimpedido”.
Volker Turk, comissário de Direitos Humanos da ONU, alertou na terça-feira (10) que o “sítio absoluto” de Israel contra Gaza viola a lei internacional.
“Cercos que ameaçam à vida de civis, ao privá-los de bens essenciais para sua sobrevivência, são proibidos sob o direito internacional”, declarou Turk em nota.
Conforme Guterres, equipes da ONU estão em campo no território costeiro, “trabalhando 24 horas por dia para dar apoio” a civis sob a espiral de violência, após cerca de 220 mil pessoas que buscaram abrigo em 92 instalações locais da UNRWA — Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina.
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“Instalações da ONU, assim como todos os hospitais, escolas e clínicas, não podem ser alvos”, prosseguiu Guterres. “Lamento profundamente que alguns de meus colegas já pagaram o maior preço”.
Onze trabalhadores da UNRWA foram mortos pelos bombardeios israelenses até então, incluindo alguns que morreram em casa com suas famílias; vinte instalações da agência foram atingidas, incluindo duas escolas.