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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Sem destino seguro, famílias deslocadas retornam ao norte de Gaza

Palestinos buscam seus pertences nos escombros de suas casas, no décimo dia de ataques israelenses contra áreas civis da Faixa de Gaza, na Cidade de Gaza, 16 de outubro de 2023 [Mustafa Hassona/Agência Anadolu]

Centenas de famílias na Faixa de Gaza decidiram retornar das áreas meridionais e centrais do território sitiado rumo ao norte, dias após deixarem suas casas sob ordens do exército israelense, como preparativo a bombardeios indiscriminados.

Sem alternativa ou refúgio seguro, o retorno ocorre devido a condições instáveis em toda a região, após a “noite mais horrível de todas”, à medida que o exército da ocupação executa ataques ininterruptos a áreas civis.

Refugiados descreveram o retorno a áreas de risco como natural, “diante da pressão sobre serviços nas áreas centro e sul, onde não há água, luz ou combustível”.

No domingo (15), sob pressão de relações públicas, Israel bombeou brevemente alguns litros de água ao sul e centro de Gaza; porém, sem energia elétrica para levar os recursos às casas, o abastecimento foi meramente retórico.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), Israel forneceu aos palestinos de Gaza apenas 4% da água que precisam para sobreviver.

Nizar Abdel Karim (40) confirmou que ele, sua esposa e seus quatro filhos tiveram de fugir a Khan Yunis, três dias atrás, mas decidiram voltar à Cidade de Gaza devido aos bombardeios. Segundo Karim, áreas de suposto refúgio estão superlotadas e carecem de serviços.

“Prefiro morrer na minha casa do que viver sem o básico da vida”, comentou Karim. “As crianças não conseguem dormir porque não temos cama ou cobertor, em particular, nas noites frias de Gaza”.

LEIA: Israel comete 371 massacres contra famílias palestinas em Gaza

Samar Abdel Ghafour (38), mãe de três filhos, voltou com sua família de Deir al-Balah ao centro de Gaza. “[A região] estava sujeita a duro bombardeio nos últimos dias”, reportou Ghafour. “Sobrevivemos a diversos ataques israelenses enquanto estávamos lá”.

As crianças, reiterou a mãe, sofrem de “pânico, terror e pesadelos”.

Segundo seu relato, o local para o qual fugiu tinha cerca de 60 m² e abrigava 50 pessoas — sem privacidade ou lugar para dormir; sem água, sem luz, sem internet, com pouquíssima comida e outros insumos.

“A comida está quase acabando no sul de Gaza, assim como em toda a região”, afirmou Ghafour. “Lá, no entanto, está mais superlotado. O sul já não consegue mais absorver a pressão dos refugiados”.

Quase 2.4 milhões de palestinos sofrem um desastre humanitário sob a agressão em curso contra Gaza. O massacre deixou civis sem teto, ao privá-los de necessidades básicas, como água, comida, eletricidade e medicamentos.

Ao defender o cerco absoluto contra os palestinos de Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, os descreveu como “animais”.

Ao menos 2.808 morreram até então, incluindo 853 crianças e 636 mulheres, além de 10.850 feridas. Milhares continuam presos sob os escombros, provavelmente mortos.

Israel se recusa a abrir um corredor humanitário. As ações equivalem a genocídio, punição coletiva e crime de guerra.

ASSISTA: Parte considerável da população palestina de Gaza está sendo aniquilada, alerta ONU

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