A Diocese Episcopal de Jerusalém, que administra o Hospital Baptista al-Ahli, na Cidade de Gaza, condenou o bombardeio israelense ao centro médico na noite desta terça-feira (17), que resultou em ao menos 500 mortos entre pacientes, médicos e pessoas que buscavam abrigo.
“Nos termos mais veementes, a Diocese Episcopal de Jerusalém condena este ataque atroz que transpirou no coração de Gaza”, destacou a gestão eclesiástica em nota compartilhada com a rede de notícias Al Jazeera.
“Hospitais, conforme os pilares da lei humanitária internacional, são santuários; no entanto, este ataque transgrediu tais fronteiras sacras”, reafirmou. “Um apelo urgente ressoa junto à comunidade internacional para que cumpra seu dever em proteger civis e garantir que atos horríveis e desumanos como este não sejam replicados”.
Nesta terça-feira (17), um ataque aéreo israelense atingiu o Hospital Baptista no 11° dia de bombardeios intensos contra a Faixa de Gaza.
O Hamas descreveu o bombardeio israelense ao centro médico como “ato de genocídio”. A Autoridade Palestina (AP) rechaçou o incidente como “massacre”, em rara convergência de discurso entre tradicionais adversários políticos no cenário nacional palestino.
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Logo após o ataque, Israel aventou a versão de que a explosão decorreu de um foguete disparado pela resistência palestina. A escala da destruição e registros de vídeo, porém, demonstram o contrário, com elementos característicos da tecnologia bélica israelense.
Hananya Naftali, assessor de Netanyahu, chegou a vangloriar-se do ataque na rede social X (Twitter): “A Força Aérea de Israel atingiu uma base terrorista do Hamas [sic] dentro de um hospital em Gaza. Diversos terroristas mortos [sic]”. Mais tarde, apagou a postagem.
Antes de atacar o hospital, Israel instruiu sua evacuação, apesar de alertas internacionais de que não seria possível transferir pacientes que dependem de suporte para sobreviver, como bebês recém-nascidos e pacientes de diálise e quimioterapia.
Para “provar” a versão das tropas ocupantes, apologistas de guerra recorreram a um vídeo transmitido uma hora antes do ataque, às 18h59 do horário local —, embora o bombardeio tenha ocorrido às 19h50. Uma investigação da rede Al Jazeera identificou o momento exato do ataque por meio de análise de vídeos.
A mudança de discurso coincide com a campanha de desinformação e propaganda de guerra adotada por Israel para justificar o genocídio a Gaza.
O Hospital Baptista não tratava apenas feridos, mas também abrigava pessoas que deixaram o norte de Gaza sob instruções de Israel para “salvar suas vidas”. Milhares de crianças e suas famílias acreditavam ter encontrado um refúgio no local.
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