Quem é o culpado pelo massacre no Hospital Baptista em Gaza?

Desde o ataque israelense ao Hospital Baptista al-Ahli, na Cidade de Gaza, na noite desta terça-feira (17), com mais de 500 mortos, repórteres da mídia corporativa e usuários das redes sociais foram ludibriados a debater quem é o culpado pelo crime de guerra.

Para palestinos e jornalistas com conhecimento das regras de guerra e da lei internacional — e o contumaz desrespeito a suas convenções por parte das forças ocupantes — a resposta é óbvia: Israel atacou deliberadamente um hospital lotado de civis.

Oficiais israelenses, em um primeiro momento, se vangloriaram do ataque; então, recuaram e culparam a resistência palestina pelo disparo devastador.

No entanto, repórteres em campo e especialistas que cobrem a escalada na Faixa de Gaza sitiada deixaram absolutamente claro: os foguetes da resistência causam danos, incluindo mortos e feridos, mas não têm poder suficiente para destruir toda a estrutura do hospital em um único golpe.

Ao verificarmos as redes sociais logo após o ataque, alguns fatos são nítidos. Se Israel não bombardeou o Hospital Baptista em Gaza, por que seu exército alertou o mesmo hospital para evacuar suas premissas pouco antes do incidente?

Israel insiste em não ter atacado o hospital, ao culpar um foguete do grupo de resistência Jihad Islâmica. Para “provar” sua versão, apologistas da ocupação recorreram a um vídeo transmitido cerca de uma hora antes do ataque, às 18h59 do horário local — enquanto o bombardeio de fato ocorreu em torno das 19h50.

O recém-nomeado porta-voz de Comunicação Digital do regime israelense, Hananya Naftali, chegou a admitir a responsabilidade das tropas ocupantes pela chacina ao Hospital Baptista al-Ahli. Sua postagem foi deletada pouco depois.

Um vídeo apresentado como “evidência” de uma suposta ação palestina também foi retirado do ar.

A mídia internacional também tem as mãos sujas de sangue. Quase como um preparativo de relações públicas, na segunda-feira (16), a rede estatal britânica BBC publicou um artigo com a pergunta “O Hamas constrói túneis sob escolas e hospitais?”. A cobertura — de tendências racistas e colonialistas — busca justificar os ininterruptos ataques de Israel aos civis de Gaza, incluindo aqueles que buscam tratamento ou refúgio nos hospitais.

Após a chacina, redes de imprensa prescindiram de qualquer crítica ou condenação. “Ataque aéreo de Israel mata centenas em hospital de Gaza”, como destacou a Reuters. Houve pouca ou nenhuma menção, todavia, das evidentes violações do direito internacional e dos crimes de guerra conduzidos pela ocupação e suas tropas contra os 2.4 milhões de civis na Faixa de Gaza.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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