A Federação Argelina de Futebol (FAF) suspendeu todas as partidas “até novo aviso”, a partir desta quarta-feira (18), em solidariedade aos 2.4 milhões de palestinos de Gaza sob violento bombardeio israelense há quase duas semanas.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A organização prestou uma homenagem à “memória dos veneráveis e gloriosos mártires e vítimas dos bárbaros ataques sionistas”.
O órgão anunciou no domingo (15) que sediaria “todas as partidas oficiais e não-oficiais” da seleção nacional palestina para as eliminatórias da Copa do Mundo de Futebol FIFA de 2026 e da Copa da Ásia de 2027, além de cobrir todos os custos referentes aos eventos.
Walid Sadi, presidente da federação, confirmou previamente que seu país sediaria a partida entre Palestina e Austrália em 21 de novembro.
A seleção palestina deve viajar aos Emirados Árabes Unidos para disputar seu jogo de estreia nas eliminatórias contra o Líbano, em 16 de novembro.
Na noite de terça-feira (17), ao menos 470 pessoas foram mortas e 340 ficaram feridas por um bombardeio israelense ao Hospital Baptista al-Ahli, na Cidade de Gaza, de acordo com estimativas oficiais do Ministério da Saúde local.
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O número pode exceder mil vítimas à medida que corpos são retirados dos escombros.
Logo após o ataque, Israel aventou a versão de que a explosão decorreu de um foguete disparado pela resistência palestina. A escala da destruição e registros de vídeo, porém, demonstram o contrário, com elementos característicos da tecnologia bélica israelense.
Hananya Naftali, assessor de Netanyahu, chegou a vangloriar-se do ataque na rede social X (Twitter): “A Força Aérea de Israel atingiu uma base terrorista do Hamas [sic] dentro de um hospital em Gaza. Diversos terroristas mortos [sic]”. Mais tarde, apagou a postagem.
Antes de atacar o hospital, Israel instruiu sua evacuação, apesar de alertas internacionais de que não seria possível transferir pacientes que dependem de suporte para sobreviver, como bebês recém-nascidos e pacientes de diálise e quimioterapia.
As alegações de Tel Aviv foram desmentidas também pelo especialista em armas e veterano do exército americano, Dylan Griffith, que confirmou ao MEMO que as imagens e o barulho oriundo do ataque são característicos de projéteis JDAM, de fabricação americana, comuns durante ofensivas no Afeganistão e outros massacres israelenses na Faixa de Gaza.
Gaza vivencia uma dura crise humanitária, sem energia elétrica, comida, água, combustível e suprimentos médicos. Ao defender o cerco absoluto ao pequeno enclave costeiro, o ministro da Defesa de Israel, descreveu os palestinos de Gaza como “animais”.
Os bombardeios incessantes são retaliação e punição coletiva por uma ação de resistência do grupo Hamas — denominada Operação Tempestade de Al-Aqsa — que pegou Israel de surpresa ao cruzar a fronteira e capturar colonos e soldados.
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A campanha serviu de resposta a uma escalada na violência colonial em Jerusalém e Cisjordânia ocupada, além de 17 anos de cerco militar a Gaza.
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, reivindicou “imediato cessar-fogo humanitário” para mitigar o “épico sofrimento humano”.
Ao menos 3.478 palestinos foram mortos por Israel em Gaza até então.