Sem energia, recém-nascidos de Gaza sofrem risco de vida

Médicos em uma unidade neonatal de terapia intensiva na Faixa de Gaza, sob bombardeios ininterruptos de Israel, lutam contra a falta de remédios básicos e combustível para salvar a vida de seus pacientes, que podem morrer em poucos minutos caso as incubadoras fiquem sem energia elétrica.

As informações são da agência de notícias Reuters.

O médico Nasser Bulbul, do Hospital al-Shifa, da Cidade de Gaza, destacou: “Clamamos a todos que enviem os suprimentos médicos tão necessários, caso contrário, enfrentamos uma enorme catástrofe”.

“Caso acabe a luz nesses departamentos, onde temos 55 bebês, todos morrerão dentro de cinco minutos”, acrescentou.

Israel mantém seu cerco absoluto a Gaza desde 7 de outubro, como punição coletiva — ilegal sob o direito internacional —, em retaliação a uma ação de resistência do grupo Hamas, que atravessou a fronteira e capturou colonos e soldados.

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A chamada Operação Tempestade de Al-Aqsa decorreu de recordes na escalada colonial na Cisjordânia ocupada, violações em Jerusalém e 17 anos de cerco a Gaza.

Ashraf al-Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde em Gaza, destacou que os hospitais do território costeiro abrigam 130 bebês recém-nascidos em incubadoras que dependem de energia elétrica.

Conforme al-Qudra, os geradores dos centros médicos — com destaque ao Hospital al-Shifa, maior dos 13 hospitais públicos de Gaza — estão ficando sem combustível, “com os tanques na reserva”.

“Racionamos os combustíveis para que fossem usados nos serviços mais urgentes para salvar vidas, incluindo as incubadoras, mas não sabemos quanto tempo isso vai durar”, reafirmou al-Qudra.

“Pedimos a todo o mundo que nos ajude”, acrescentou. “Pedimos até mesmo a nossos postos de gasolina para que doassem o que pudessem para salvar vidas nos hospitais”.

O pequeno enclave palestino, uma das regiões mais densamente povoadas do planeta, com 2.4 milhões de habitantes, sofre bombardeios indiscriminados de Israel, que mataram 5.087 pessoas, incluindo ao menos 2.055 crianças, além de 15 mil feridos.

Neste fim de semana, três comboios humanitários entraram em Gaza através do Egito — número insuficiente e muito inferior aos cem comboios por dia necessários à população, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Ao promover o cerco absoluto a Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os residentes palestinos como “animais”.

Órfão

Médicos de al-Shifa disseram aguardar que parentes consigam se apresentar para identificar um bebê cuja casa foi bombardeada por Israel. Além de sua mãe, Fatima al-Hersh, ao menos onze membros da família foram mortos.

O médico responsável pelo bebê comentou no Facebook: “Quando ele melhorar, não sabemos quem vai poder cuidar dele, afinal ele está órfão”.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), dos 2.4 milhões de habitantes de Gaza, cerca de 1.4 milhão sofreram deslocamento à força pela ofensiva de Israel.

Muitos buscam abrigos nos centros da ONU, sem condições para receber o enorme influxo de famílias carentes.

O exército israelense notificou os palestinos para deixar o norte de Gaza rumo ao sul, como prenúncio aos bombardeios, apesar de alertas de que doentes e feridos não sobreviveriam à jornada. Além disso, os bombardeios incidem sobre as principais rotas de fuga, efetivamente exterminando a população.

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