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União Africana expressa ‘pleno apoio’ a chefe da ONU sobre genocídio em Gaza

Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, durante coletiva de imprensa em Addis Ababa, na Etiópia, em 9 de fevereiro de 2019 [Minasse Wondimu Hailu/Agência Anadolu]

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, expressou seu apoio à “posição e liderança embasada em princípios” do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, nesta quinta-feira (26), após o diplomata ser atacado por ideólogos sionistas por criticar o genocídio perpetrado na Faixa de Gaza durante declaração ao Conselho de Segurança.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Apoio plenamente a posição e liderança embasada em princípios de António Guterres e o trabalho da ONU nos territórios palestinos ocupados”, escreveu Mahamat na rede social X (Twitter). “[Sua declaração] está de acordo com a lei internacional, com a posição da União Africana e com as resoluções relevantes das Nações Unidas”.

Guterres condenou o ataque do movimento palestino Hamas em 7 de outubro, ao discursar ao Conselho de Segurança, em Nova York, mas reiterou que o incidente “não aconteceu em um vácuo”. Em seguida, reivindicou um cessar-fogo.

“O povo palestino permanece submetido a 56 anos de sufocante ocupação”, comentou o emissário, em alusão a junho de 1967, quando Israel ocupou ilegalmente a Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.

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De fato, a crise remete a 1947, quando a recém-criada Organização das Nações Unidas, então chefiada pelo brasileiro Oswaldo Aranha, deferiu o Plano de Partilha da Palestina histórica, sem consultas à população autóctone.

Meses depois, em maio de 1948, transcorreu a Nakba, ou “catástrofe”, quando milícias sionistas expulsaram 800 mil palestinos nativos de sua terra para dar lugar ao Estado de Israel, mediante limpeza étnica planejada.

Guterres, no entanto, foi preciso ao tratar das violações contínuas: “[Os palestinos] veem suas terras constantemente devoradas por assentamentos e assoladas por violência, sua economia asfixiada, seu povo deslocado, suas casas demolidas. Suas esperanças de uma solução política para seu sofrimento têm desaparecido”.

A recordação histórica e contemporânea foi rechaçada por Israel, cujos diplomatas reivindicaram a renúncia do secretário-geral.

Guterres alegou “choque pelos erros de interpretação” sobre seus comentários e reiterou apelos por um cessar-fogo imediato de caráter humanitário, com o objetivo de “atenuar o sofrimento, tornar a entrega de assistência mais fácil e segura, e permitir a libertação dos reféns”.

O massacre em curso na Faixa de Gaza é retaliação à chamada Operação Tempestade de Al-Aqsa, ação de resistência do grupo Hamas que cruzou a fronteira por terra e capturou colonos e soldados, em 7 de outubro deste ano.

A ação decorreu de recordes de escalada colonial em Jerusalém e na Cisjordânia ocupada, além de 17 anos de cerco militar a Gaza. Os ataques israelenses desde então equivalem a punição coletiva, genocídio e crime de guerra.

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O direito internacional prevê como legítima a resistência à ocupação. A terminologia de “terrorismo” — promovida pela propaganda de guerra da mídia corporativa e de líderes ocidentais — é, portanto, ideológica. De fato, “atrocidades” reportadas pelo exército de Israel foram desmentidas reiteradamente.

Ao promover o cerco absoluto a Gaza — sem luz, sem água, sem comida —, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os palestinos como “animais”.

Ao menos 7.326 pessoas — dentre as quais, quase três mil crianças — foram mortas por Israel até então, além de mais de 18 mil feridos. Outros milhares estão desaparecidos — provavelmente mortos — sob os escombros.

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