Mapas online difundidos por diversas corporações chinesas parecem omitir o termo “Israel” do território ocupado da Palestina histórica, reportou nesta segunda-feira (30) o tradicional periódico americano The Wall Street Journal.
Conforme as alegações, usuários de internet na China foram pegos de surpresa por não encontrar o Estado de Israel em sites como o popular mecanismo de pesquisa Baidu e a plataforma de comércio Alibaba.
Segundo a reportagem, a omissão representa “ambiguidade que coincide com uma postura diplomática vaga por parte de Pequim sobre a região e opõe-se à diligência cartográfica, de maneira geral”.
“Mapas em mandarim da Baidu demarcam as fronteiras reconhecidas internacionalmente de Israel, assim como os territórios palestinos e as principais cidades, mas não identificam com clareza o nome do país”, declarou o The Wall Street Journal.
O mesmo ocorre no mapa online da rede Alibaba, “onde mesmo nações pequenas como Luxemburgo estão claramente demarcadas”.
Conforme o jornal, ambas as empresas não comentaram o suposto problema. A reportagem reconheceu, no entanto, que não está claro se trata-se de uma nova política, assumida após Israel lançar bombardeios indiscriminados a Gaza há três semanas.
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Nas redes sociais chinesas, assim como nos meios de comunicação de massa, denúncias e apelos antissionistas ganharam tração. A mídia estatal chegou a culpar os Estados Unidos por alimentar unilateralmente o conflito.
Grupos sionistas americanos acusam Pequim de alimentar o “antissemitismo”.
Carice Witte, diretora executiva do Grupo Signal, think tank israelense com enfoque nas relações com a China, afirmou ao The New York Times que “caso Pequim sentisse que é problemático permitir declarações antissemitas [sic], seus censores as impediriam. Não obstante, parece expressar a mensagem de que é algo tolerado”.
Acusações de “antissemitismo” são regularmente associadas a críticas legítimas às políticas coloniais sionistas, incorrendo na difamação de jornalistas, ativistas e mesmo emissários de diplomacia. Tais práticas são denunciadas como risco à liberdade de expressão no chamado “mundo democrático” ocidental.
A imprensa corporativa dos Estados Unidos e outros países, como Brasil, alinhou-se à versão colonial sionista da escalada na região, incluindo campanhas de desinformação por supostas “atrocidades” diariamente desmentidas.
O governo chinês recusou-se a rechaçar expressamente o movimento Hamas, apesar da pressão israelense. Em contrapartida, denuncia a ocupação como responsável pelo mais novo ciclo de violência e reivindica um cessar-fogo.
A ocupação israelense na Cisjordânia e o cerco militar a Gaza são ilegais segundo o direito internacional. Em contrapartida, as mesmas regras entendem como legítima a resistência contra a colonização — incluindo a resistência armada.
Segundo o think tank americano The China Project, “a resposta é consistente com o apoio diplomático de décadas de Pequim à Palestina e seus apelos pela solução de dois Estados, embora China e Israel tenham estabelecido uma parceria econômica desde 1992, quando estabeleceram relações”.
No fim de semana, o exército israelense intensificou sua ofensiva desde 7 de outubro, ao cortar a luz e a comunicação do território costeiro, a fim de impedir a cobertura de redes como Al Jazeera em campo na Faixa de Gaza.
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Ao promover sua escalada, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reforçou a retórica desumanizante de seu gabinete, suas Forças Armadas e apoiadores, ao proclamar uma “guerra santa” contra as “crianças das trevas”.
São ao menos 8.306 mortos, entre os quais, 3.457 crianças e 2.136 mulheres, até então, além de 21 mil feridos e milhares de desaparecidos sob os escombros — provavelmente mortos. As estimativas aumentam a cada hora.
As ações israelenses equivalem a punição coletiva, crime de guerra e genocídio.