O exército dos Estados Unidos não mandará tropas a Israel ou Gaza em meio à campanha de bombardeios imposta por Tel Aviv ao território palestino sitiado, assegurou no domingo (29) a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, em entrevista à rede CBS.
Harris insistiu que Washington fornece “apenas” assessoria, equipamento e apoio diplomático a Israel, ao alegar: “Não dizemos a Israel o que fazer”.
Harris, contudo, recorreu à terminologia de “organização terrorista” para criminalizar os grupos de resistência, ao acusar o Hamas de “massacrar centenas em um espetáculo de música”, em referência a uma rave interrompida pela ofensiva de 7 de outubro, quando militantes palestinos cruzaram a fronteira e capturaram soldados e colonos.
Relatos recentes — incluindo uma investigação detalhada da rede The Grayzone — indicam que as pessoas que estavam no evento foram alvejadas por “fogo amigo”, quando soldados israelenses responderam à operação com disparos indiscriminados.
Para Harris, no entanto, “Israel, sem sombra de dúvida, tem o direito de se defender”.
Seu discurso, ainda assim, manifesta um recuo em relação a comentários inflamatórios e à propaganda de guerra de seu superior, o presidente Joe Biden, ao sugerir reveses políticos ao partido Democrata devido ao “apoio incondicional” a Israel, à véspera do ano eleitoral.
“É muito importante que o povo palestino e o Hamas não sejam equiparados”, observou Harris. “Os palestinos merecem igualmente segurança, autodeterminação e dignidade, e temos de ser muito claros que as regras de guerra têm de ser respeitadas e que haja um fluxo contínuo de ajuda humanitária”.
Sobre o envolvimento direto do Pentágono, reiterou Harris: “Não temos absolutamente nenhuma intenção ou quaisquer planos para enviar tropas de combate a Gaza ou Israel, ponto final”.
Sua declaração, todavia, coincide com rumores recentes de que a Força Delta — unidade de elite do exército americano — está em Israel para auxiliar as forças da ocupação, sobretudo em meio a sua invasão por terra à Faixa de Gaza.
No fim de semana, o exército israelense intensificou seus ataques por ar e terra contra a Faixa de Gaza, ao cortar a comunicação entre o mundo externo e o território sitiado, sob bombardeios incessantes desde 7 de outubro.
Ao defender o ataque por terra, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reforçou a retórica desumanizante de seu gabinete e suas Forças Armadas, ao proclamar uma “guerra santa” contra as “crianças das trevas”.
As ações israelenses equivalem a punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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