Um grupo de 16 senadores franceses — em uma câmara de 348 assentos — introduziu um projeto de lei para criminalizar críticas ao sionismo e às agressões coloniais executadas por Israel, no contexto do genocídio em Gaza.
Segundo o senador Stephane Le Rudulier, o “antissionismo” leva ao aumento do “antissemitismo”.
Não obstante, judeus antissionistas — até mesmo sobreviventes do Holocausto — alertam que vincular críticas legítimas às políticas coloniais de Israel e o racismo antijudaico é uma falácia para silenciar denúncias e promover a limpeza étnica do povo palestino.
O sionismo — ideologia nacionalista e supremacista com raízes no século XIX — promove o deslocamento à força da população nativa da Palestina histórica, como se demonstra pelas declarações recentes de políticos e ideólogos israelenses de que a ofensiva em curso busca empurrar os palestinos de Gaza ao deserto do Sinai.
Segundo o historiador israelense Ilan Pappé: “O sionismo é um movimento colonialista que penetrou à força nas terras ancestrais do povo palestino, com o desejo de colonizar o país e com possível ambição expansionista ao âmago do mundo árabe”.
Embora a peça legislativa seja de autoria de senadores de extrema-direita, a islamofobia é endêmica na política francesa, incluindo medidas do presidente Emmanuel Macron e seus ministros contra os muçulmanos no país, como restrições de culto e invasões a mesquitas.
Em outubro, após a deflagração do genocídio a Gaza, o ministro do Interior da França, Gerald Darmanin, buscou proibir protestos em solidariedade ao povo palestino, sob o pretexto de que “poderiam gerar perturbações à ordem pública”.
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Darmanin então ameaçou prender os ativistas.
A França deve sediar uma conferência humanitária internacional a Gaza em 9 de novembro. Dois porta-helicópteros franceses estão no litoral de Gaza, à espera de autorização de Israel para entregar assistência médica à população civil.
Paris, no entanto, mantém seu apoio ao projeto colonial israelense na Palestina, ao fornecer armas e cobertura diplomática aos bombardeios.
Protestos pró-Palestina, não obstante, tomaram a histórica Praça da República, ao cantos de “Somos todos palestinos” e “Palestina viverá, palestina para sempre”.
Um ativista denunciou a proibição como “anormal sob o estado de direito”.
“Na França, este grande país que a França diz ser, você não pode protestar livremente, como é seu direito”, reiterou o manifestante. “Infelizmente, a liberdade é uma mentira na França e somos forçados a desafiar a lei e, como se diz, protestar para mostrar a verdade”.
Outro ativista reportou que a polícia o multou em €135 euros por usar um keffiyeh, o tradicional lenço palestino.
Israel lançou sua mais recente e mais brutal ofensiva a Gaza em 7 de outubro, em retaliação a uma operação surpresa do grupo de resistência Hamas, que cruzou a fronteira e capturou soldados e colonos.
A ação de resistência decorreu de meses de escalada colonial em Jerusalém e na Cisjordânia, além de 17 anos de cerco militar a Gaza.
Foram mortos 9.488 palestinos até então, entre os quais 3.826 crianças e 2.405 mulheres. Ao menos 30 mil pessoas ficaram feridas, além de 2.200 desaparecidos sob os escombros, dos quais 1.250 crianças.
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