O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reiterou nesta segunda-feira (7) que não tem intenção de “parar” sua guerra devastadora contra a Faixa de Gaza sitiada, após 32 dias de bombardeios ininterruptos.
Ao discursar a soldados na base militar de Tzeelim, no sul do território designado Israel, Netanyahu afirmou que suas forças prosseguirão “até o fim”, ao empregar uma retórica análoga a ameaças de “solução final”.
No mesmo evento, o ministro da Defesa, Yoav Gallant, buscou desviar a responsabilidade a Yahya Sinwar, chefe do movimento Hamas na Faixa de Gaza, ao culpá-lo pela ação surpresa que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados em 7 de outubro.
O ministro proclamou que Sinwar “se esconde em um porão, apartado de seus arredores” e que a “liderança hierárquica do Hamas está se erodindo”; porém, sem apresentar quaisquer evidências.
Nos dias seguintes à ação do Hamas, Gallant descreveu os 2.4 milhões de residentes em Gaza como “animais”, a fim de justificar sua campanha de punição coletiva, por meio de bombardeios incessantes e cerco absoluto — sem água, comida, energia ou combustível.
Netanyahu e Gallant assumiram protagonismo em declarações desumanizantes contra os palestinos, que estudiosos alertam demonstrar intuito ao crime de genocídio. Netanyahu chegou a reivindicar uma “guerra santa” contra “as crianças das trevas”.
“Estamos determinados em conquistar nosso objetivo, em cumprir nossa missão, que é desmantelar o Hamas e suas capacidades militares e chegar a seus líderes e militantes”, prosseguiu Gallant. “Mudaremos a situação em Gaza”.
Na segunda-feira (6), Netanyahu preconizou a “reocupação por tempo indeterminado” da Faixa de Gaza; entretanto, sem o aval dos Estados Unidos.
Gallant alegou ainda que suas tropas “avançam de norte a sul e operam agora no coração da Cidade de Gaza”, ao admitir: “Estamos lutando dentro das áreas residenciais”.
O ministro reconheceu, não obstante, que Tel Aviv será submetida à pressão internacional no futuro próximo, mas reforçou seu compromisso em manter a ofensiva, ao negar apelos crescentes por um cessar-fogo humanitário.
Entre 7 de outubro e 7 de novembro, Israel matou ao menos 10.328 pessoas, entre as quais 4.237 crianças e 2.719 mulheres, além de dezenas de milhares de feridos e outras milhares sob os escombros — provavelmente mortas. Ao menos 1.270 crianças estão desaparecidas.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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