O chefe de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, pediu, na sexta-feira (10), uma investigação sobre o que ele chamou de uso de “armas explosivas de alto impacto” por Israel em Gaza, que, segundo ele, estava causando destruição indiscriminada no enclave palestino sitiado, informou a Reuters.
Turk disse que Israel deve pôr fim ao uso de tais armas na área densamente povoada, onde vivem 2,3 milhões de palestinos, metade dos quais foram deslocados pelos combates do último mês.
Turk não especificou a quais armas estava se referindo.
Solicitada a comentar, a missão permanente de Israel na ONU em Genebra disse: “Israel cumpre as leis humanitárias internacionais em todos os momentos. Os terroristas não o fazem”.
E acrescentou que o grupo Hamas, que controla Gaza, se instalou em áreas densamente povoadas e estava impedindo a saída de civis.
O bombardeio aéreo, marítimo e terrestre de Israel em Gaza, acompanhado agora por um ataque terrestre nas profundezas do território, tem como objetivo destruir o Hamas.
O grupo palestino matou 1.400 israelenses em um ataque transfronteiriço em 7 de outubro, de acordo com os registros israelenses, e a ONU afirmou que o ataque envolveu crimes de guerra. O subsequente bombardeio de Gaza por Israel matou mais de 10.000 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde do enclave palestino.
O extenso bombardeio israelense em Gaza, incluindo o uso de armas explosivas de alto impacto em áreas densamente povoadas […] está claramente causando um impacto humanitário e de direitos humanos devastador
disse Turk em uma coletiva de imprensa durante uma visita à capital da Jordânia, Amã.
Os ataques devem ser investigados[…]. Temos sérias preocupações de que se trata de ataques desproporcionais que violam o direito internacional humanitário
Israel culpa o Hamas pelas mortes de civis em Gaza, dizendo que o grupo usa a população como escudos humanos e esconde armas e equipamentos ao redor de hospitais, que foram atingidos por bombardeios.
“Qualquer uso de civis e objetos civis por grupos armados palestinos para se protegerem de ataques é uma violação das leis da guerra”, disse Turk. “Mas essa conduta dos grupos armados palestinos não isenta Israel de sua obrigação de garantir que os civis sejam poupados.”
Turk também disse que Israel deve tomar medidas imediatas para proteger os palestinos na Cisjordânia ocupada, onde a violência está aumentando entre palestinos e soldados e colonos israelenses.
Turk disse que pelo menos 176 palestinos, incluindo 43 crianças e uma mulher, foram mortos em incidentes envolvendo as forças de segurança israelenses desde o início de outubro. Pelo menos oito palestinos foram mortos por colonos israelenses.
Israel afirmou que vem realizando operações antiterrorismo contra militantes do Hamas e de outras facções armadas palestinas na Cisjordânia.
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