Cães de rua foram vistos comendo corpos empilhados nos pátios do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, devido aos violentos ataques contra o maior centro médico do território costeiro e seus arredores, relatou neste domingo (12) a ministra da Saúde da Autoridade Palestina, Mai al-Kaila.
Segundo a ministra, o exército ocupante “está atirando feridos e doentes nas ruas para a morte certa, o que não é uma ‘evacuação’, mas sim uma expulsão a mão armada”.
“O que está acontecendo em Gaza é um desastre, pacientes estão morrendo neste exato momento sem receber cuidados, incluindo crianças e adultos que dependem de diálise e morrerão em suas casas sem ter acesso a suas sessões”, acrescentou.
Doze pacientes morreram até então dentro de Al-Shifa devido aos cortes de eletricidade e falta de suprimentos médicos, incluindo dois bebês recém-nascidos.
“Todos os três mil pacientes com câncer em tratamento nos Hospitais al-Rantisi e al-Turki estão deixados para morrer, após Israel expulsá-los das instalações”, reafirmou a ministra. “Todas as mulheres grávidas estão em gravidez de risco, sem acesso a cuidados e serviços médicos em Gaza. Toda mulher prestes a dar à luz não terá a quem recorrer por cuidados médicos”.
“Doentes e feridos não conseguem chegar a al-Shifa e muitos já perderam a vida. A equipe médica dentro do hospital não consegue se mover entre os prédios e departamentos, pois um drone israelense dispara contra quem quer que seja avistado”, acrescentou.
“Outro perigo que ameaça a vida dos pacientes e traz à tona uma catástrofe sanitária é que as equipes não conseguem enterrar todos os mortos, enquanto cem corpos se decompõem nos pátios do hospital, à mercê de cães de rua, conforme testemunho dos trabalhadores de saúde presentes no local. Há também o lixo acumulado nos departamentos”.
“Pacientes voltam a ser feridos enquanto ainda são tratados em al-Shifa, pelos bombardeios israelenses, incluindo contra poços artesianos e caixas d’água, estações de oxigênio, portões de acesso e outras instalações”.
“O estoque de sangue nos departamentos estragou devido aos blecautes e os médicos já não podem mais realizar transfusões a doentes e feridos que sofrem hemorragia”.
Al-Kaila reiterou que doentes, feridos e equipes de saúde estão sem comer e sem beber devido ao brutal cerco israelense contra a instalação civil.
“A única solução é fornecer eletricidade, suprimentos, remédios e combustível ao complexo médico ou evacuar os pacientes, verdadeiramente em segurança, para tratamento no Egito, dado que as instalações de Gaza entraram em colapso”.
Israel mantém bombardeios contínuos contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 11.180 mortos até então, dentre os quais 4.609 crianças e 3.100 mulheres, além de quase 30 mil feridos. Milhares estão desaparecidos sob os escombros.
Ao menos 22 hospitais e 49 centros de saúde deixaram de operar em Gaza devido aos bombardeios e ao bloqueio militar perpetrado pela ocupação israelense contra os 2.4 milhões de habitantes do território palestino.
Ao promover o cerco, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os palestinos como “animais”.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.