Deslocados à força em Gaza são deixados ao relento, com fome e frio

Milhares de palestinos expulsos de suas casas pelos ataques israelenses contra Gaza foram forçados a se abrigar em campos de refugiados improvisados que carecem de amenidades básicas, dormindo ao relento e sofrendo de fome e frio, às vésperas do implacável inverno no Hemisfério Norte.

Youssef Muhanna foi obrigado a se deslocar para o sul de Gaza, ainda ferido, junto de sua esposa, paralisada, e seis filhos, após sua casa no norte do território sitiado ser destruída. Dezenas de milhares de palestinos os acompanham.

“Minha esposa está doente. Minha filha e eu fomos feridos quando a casa de um vizinho foi atacada e nossa casa foi destruída. Vivemos sob sítio há 25 dias”, afirmou Muhanna. “É uma morte lenta e dolorosa. Bombardeios a cada segundo. Bombas não param de cair e estamos cercados por fogo. Ficamos com medo de que o que sobrou de nossa casa caísse sobre nós, porque tudo tremia devido à força dos bombardeios”.

Muhanna left his home in the Jabalia refugee camp and was hoping to reach the city of Rafah on the border with Egypt, but his arduous journey stopped at the entrance to the city of Khan Yunis after he spent eight hours walking 25 kilometres.

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“Minha viagem de Jabalia me custou 500 shekels [US$130]. Não tenho mais dinheiro para chegar a Rafah”, acrescentou. É preciso realizar a jornada em etapas curtas; a maioria dos motoristas não conduz viagens longas devido à escassez crítica de combustível.

“Empurrei a cadeira de rodas de minha esposa durante toda a viagem. Ela sofre de baixa pressão e lúpus há 14 anos, o que causa osteoporose. Sem seus medicamentos, ela está vulnerável a uma morte bastante dolorosa”.

Cerca de metade das residências civis em Gaza foram destruídas parcial ou integralmente. Mais de 1.5 milhão de pessoas foram expulsas de suas casas, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU).

Em apenas três dias, cerca de 200 mil pessoas fugiram do norte ao sul de Gaza, sob bombardeios de Israel, agravando a escassez de bens e serviços na região.

Umm Yaqoub Abu Jarad (42) relatou: “Minhas crianças adoeceram. Não consigo encontrar nem mesmo um pedaço de pão para elas. Onde posso achar comida para os meus filhos?! Estou desde as 6 horas da manhã procurando um pedaço de pão para eles!”

Segundo as Nações Unidas, o pão tornou-se uma raridade em Gaza pois o único moinho industrial da área já não está mais operante devido à falta de eletricidade e combustível.

Atef (47), marido de Umm Yaqoub, reiterou: “Vim de Shuja’iyya a pé, junto com meus filhos. A situação é uma catástrofe. Sou pai, sou responsável pela minha família, mas não tenho um único tostão no bolso para alimentar minhas crianças”.

“Eles dão um único prato de arroz para sete pessoas. Finjo que estou comendo, como uma colher de arroz e minto que estou satisfeito para que minha família consiga comer. Não há água. Um dia equivale a um ano e mal conseguimos nos mover devido à fadiga extrema de tanto caminhar”.

Israel mantém bombardeios contínuos contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 11.180 mortos até então, dentre os quais 4.609 crianças e 3.100 mulheres, além de quase 30 mil feridos. Milhares estão desaparecidos sob os escombros.

Ao menos 22 hospitais e 49 centros de saúde deixaram de operar em Gaza devido aos bombardeios e ao bloqueio militar perpetrado pelas forças ocupantes.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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