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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

CNDH recomenda equilíbrio na cobertura do conflito no Oriente Médio

Pedido será enviado a veículos de comunicação de todo o país
Uma menina palestina é levada ao hospital após os ataques aéreos do exército israelense enquanto os ataques de Israel continuam em seu 39º dia em Deir al Balah, Gaza, em 14 de novembro de 2023. [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) aprovou uma recomendação para a cobertura jornalística do conflito entre Israel e o Hamas.

O texto pede que os jornais impressos, digitais e, principalmente,  TVs e rádios, que administram concessões públicas de radiodifusão, garantam maior diversidade de vozes e equilíbrio de fontes na cobertura do conflito.

A recomendação, proposta pela Comissão de Direito à Liberdade de Expressão e à Comunicação, depois de uma denúncia da Frente em Defesa do Povo Palestino, foi aprovado por unanimidade.

“A recomendação foi aprovada por unanimidade. Nós entendemos que é necessário, sim, que seja assegurado no Brasil, por todas as empresas de comunicação, uma cobertura ética que respeite os fatos e que observe o direito de todos os lados serem ouvidos”,

disse o presidente do CNDH, André Carneiro Leão.

Norian Segatto, diretor da Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), e membro do CNDH, disse que, em média, 80% das reportagens veiculadas no Brasil sobre o conflito apresentam uma visão parcial.

“Alguns importantes veículos e programas dedicaram mais de 80% do tempo de suas reportagens a apresentar a visão de Israel sobre o conflito. Isso, a meu ver, pode causar sérias distorções na opinião pública, e não é exemplo de como se faz jornalismo plural, imparcial e democrático”.

A recomendação aprovada também pede que sejam evitados o uso de expressões que possam aumentar o preconceito a religiões ou grupos étnicos, como por exemplo o qualificativo de extremista ou terrorista que vêm sendo aplicado em várias reportagens para se referir ao Hamas.

“O Brasil segue a orientação da ONU [Organização das Nações Unidas] de não colocar o Hamas como organização terrorista, e acho que isso deveria ser seguido pela mídia brasileira. O uso indiscriminado desse termo reforça aspectos de preconceito contra árabes em geral e palestinos. Essa mesma mídia não se refere, por exemplo, ao Estado de Israel como um regime de apartheid ou genocida.”

O conselho também recomenda que os veículos de comunicação parem de tratar o conflito com a expressão Israel versus Hamas, o que, segundo o CNDH, esconde um histórico de 75 anos de ocupação israelense dos territórios palestinos.

Para justificar a decisão, o conselho toma como referência o número de mortos na Faixa de Gaza, especialmente crianças. Até esta segunda-feira (13), quase 12 mil pessoas morreram no conflito, sendo que sete a cada dez mortes são de crianças.

Outra referência são organizações de direitos humanos, como Anistia Internacional, Human Rights Watch e mesmo organizações israelenses, como a B’Tselem, que nomeiam a ocupação da Palestina por Israel como um regime de apartheid, inclusive com a construção de um muro de 9 metros de altura e 760 quilômetros de extensão, o dobro da altura do antigo muro de Berlim e cinco vezes maior em extensão.

LEIA: Precisamos de um debate sobre o Hamas

Publicado originalmente em Agência Brasil

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