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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Cresce tensão na fronteira Israel-Líbano, guerra ameaça se propagar

Bombardeios à aldeia de Zahajra, do lado libanês da fronteira com Israel, em 16 de outubro de 2023 [Belal Kashmar/Agência Anadolu]

Após semanas de bombardeios israelenses a Gaza, hostilidades na fronteira israelo-libanesa se intensificaram, com baixas crescentes de ambos os lados e tom cada vez mais beligerante, alimentando receios de que disparos das forças ocupantes contra o grupo Hezbollah possam propagar o conflito a toda a região.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Ataques israelenses mataram ao menos duas pessoas no sul do Líbano, nesta segunda-feira (13), de acordo com uma entidade de primeiros socorros filiada ao movimento Amal, grupo político libanês coligado à comunidade xiita no país.

No domingo (12), um suposto míssil do Hezbollah feriu diversos trabalhadores israelenses, incluindo um óbito, reportou a Companhia de Eletricidade de Israel.

Israel dispara ao território libanês desde 7 de outubro, a fim de dissuadir o Hezbollah e seu aliado, o Irã, de intervir contra o massacre em Gaza, conduzido por Tel Aviv em retaliação a uma operação surpresa do movimento palestino Hamas, que cruzou a fronteira e capturou colonos e soldados.

Trata-se da maior escalada na fronteira desde a guerra de um mês entre Israel e Hezbollah em 2006. Até então, setenta supostos combatentes do Hezbollah e dez civis foram mortos, além de sete soldados e três colonos do lado israelense.

LEIA: Condenar os crimes de Israel não é mais suficiente, diz Líbano

Milhares deixaram a região para escapar dos bombardeios.

Até então, a violência se mantém confinada a uma faixa estreita na linha de fronteira.

Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, disse no sábado (11) que a frente libanesa “continuará ativa”, com “melhorias quantitativas” nas operações. Na segunda, o premiê israelense Benjamin Netanyahu ameaçou Nasrallah contra qualquer escalada.

“Isso é brincar com fogo”, alertou Netanyahu em nota. “Vamos responder a fogo com mais fogo ainda. Não nos testem, porque nós mostramos somente uma amostra de nossa força”. Apesar do tom hostil, Israel alega não desejar travar uma guerra ao norte.

Ao ecoar receios de uma deflagração regional, no entanto, Washington enviou dois porta-aviões à área, em apoio “incondicional” a Israel.

Questionado pela imprensa sobre o que levaria o exército ocupante a investir contra o Líbano, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, declarou: “Quando souberem que atacamos Beirute, saberão que Nasrallah cruzou os limites”.

‘Na mesma moeda’

O primeiro-ministro em exercício do Líbano, Najib Mikati, insistiu em entrevista à agência de notícias Al Jazeera, neste domingo, que se sente seguro com a “razoabilidade” do Hezbollah, até então.

“Estamos preservando a moderação e cabe a Israel parar com as provocações no sul do país”, alertou Mikati.

O Líbano levou anos para ser reconstruído após as agressões de 2006 e não pode arcar com um novo embate, após quatro anos de um colapso financeiro que empobreceu a população e paralisou as instituições de Estado.

A guerra de 2006 matou 1.200 pessoas no Líbano, sobretudo civis, contra 157 israelenses, sobretudo soldados.

Israel costuma descrever o Hezbollah como a maior ameaça em suas fronteiras.

O secretário da Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, buscou minimizar a escalada como “trocas na mesma moeda” entre as partes, ao antever que seu aliado deve se concentrar na frente norte no “futuro próximo”.

“Com certeza, ninguém quer a eclosão de outro conflito tão logo ao norte da fronteira israleense”, sugeriu Austin durante visita a Seul, na Coreia do Sul, embora reconheça a possibilidade.

ASSISTA: Bombardeio intenso atinge aldeias fronteiriças no sul do Líbano

Mohanad Hage Ali, do Centro Carnegie para Oriente Médio, corroborou: “Definitivamente vejo uma escalada mais ampla na região, mas não tenho certeza sobre um conflito aberto que ninguém parece desejar”

“Penso que os Estados Unidos estão exercendo um papel firme em manter as coisas sob controle”, acrescentou Hage Ali.

Israel mantém bombardeios contínuos contra Gaza desde 7 de outubro, deixando 11.180 mortos até então, dentre os quais 4.609 crianças e 3.100 mulheres, além de quase 30 mil feridos. Milhares estão desaparecidos sob os escombros.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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