O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, defendeu a “migração voluntária” dos palestinos de Gaza, ao descrever a transferência compulsória — sob sítio e bombardeio — da população nativa como “solução humanitária” à crise.
As declarações de Smotrich, político de extrema-direita notório por falas racistas, confirma planos israelenses de coagir os palestinos de Gaza ao exílio em todo o mundo.
Nesta segunda-feira (13), em artigo ao jornal The Wall Street Journal, sob a manchete “O Ocidente deveria acolher os refugiados de Gaza”, os deputados sionistas, Danny Danon e Ram Ben- Barak corroboraram planos para realocação dos moradores de Gaza a Estados estrangeiros.
Dannon foi embaixador israelense nas Nações Unidas; Ben-Barak é ex-vice-diretor da agência de espionagem Mossad.
Nesta terça-feira (14), Smotrich manifestou apoio em sua página do Facebook: “Acolho a iniciativa dos membros do Knesset [parlamento] Ram Ben-Barak e Danny Danon sobre a migração voluntária [sic] dos árabes de Gaza a países do mundo. Esta é a melhor solução humanitária aos residentes de Gaza e de toda a região”.
Smotrich admitiu ainda razões econômicas: “Uma célula em uma pequena área como Gaza, sem recursos naturais ou fontes independentes para subsistência, não tem chance de existir de forma autônoma, econômica e politicamente, com tamanha densidade por tanto tempo.
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“O Estado de Israel não poderá mais tolerar a existência de uma entidade independente em Gaza”, assegurou o ministro, também conhecido por seu ativismo colonial.
Como resultado, alegou Smotrich, “o acolhimento de refugiados por países que querem seu melhor, com generoso apoio e assistência financeira da comunidade internacional, é a única solução capaz de trazer o fim do sofrimento tanto a judeus quanto árabes”.
Apesar das supostas intenções humanitárias, Smotrich, alinhado a seu governo, se recusa a propor um cessar-fogo em Gaza, onde quase 12 mil civis foram mortos desde 7 de outubro.
Um documento vazado em outubro confirmou intenções de Israel de transferir à força os palestinos de Gaza ao deserto do Sinai, no Egito.
Críticos e pesquisadores denunciam limpeza étnica planejada.
Mustafa Barghouti, secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, partido político radicado na Cisjordânia ocupada, reiterou que Smotrich “expõe as verdadeiras intenções e práticas do governo em Israel”.
“O próprio [primeiro-ministro Benjamin] Netanyahu disse, logo no começo da guerra a Gaza, que todos os palestinos de Gaza deveriam deixar suas casas”, reafirmou Barghouti. “Limpeza étnica é um crime de guerra, neste caso, conduzido ao bombardear civis indefesos”.
Israel mantém bombardeios incessantes a Gaza desde 7 de outubro, com 11.240 mortos até então — entre os quais 4.630 crianças e 3.130 mulheres —, além de 30 mil feridos. Milhares estão desaparecidos sob os escombros.
Milhares de edifícios civis — incluindo hospitais, escolas, mesquitas, igrejas, abrigos e instalações sanitárias — foram danificados ou destruídos pelos ataques da ocupação.
Israel insiste ainda em um cerco absoluto à população civil — sem comida, água, remédios, eletricidade ou combustível. Ao promover sua violenta campanha, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os palestinos como “animais”.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.