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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Sob ataque israelense, médicos de al-Shifa enterram 179 mortos em vala comum

Médicos carregam corpos de palestinos mortos pelos ataques israelenses em Gaza, em 15 de novembro de 2023 [Ahmad Hasaballah/Getty Images]

Muhammad Abu Salmiya, diretor do Hospital al-Shifa, maior complexo de saúde no território costeiro, na Cidade de Gaza, reportou que ao menos 179 mártires foram sepultados em uma vala comum no perímetro do centro médico, devido aos ataques de Israel.

Abu Salmiya relatou à Agence France-Presse (AFP) que os mortos foram enterrados nesta terça-feira (14). Dentre as vítimas estão sete crianças que faleceram devido aos blecautes impostos por Israel.

Abu Salmiya revelou que a gestão do hospital teve de sepultar os mortos em uma cova coletiva dentro do complexo devido à decomposição sob cerco contínuo e disparos de franco-atiradores israelenses.

A vala, no entanto, é insuficiente para todos os mortos, observou o médico.

Al-Shifa está sujeito a sucessivos ataques de Israel que forçaram a interrupção dos serviços, após dezenas de milhares de pessoas buscarem abrigo no centro de saúde.

Abu Salmiya lamentou ainda que as tropas ocupantes — com tanques de guerra e drones voltados a uma instalação civil — condenam pacientes e refugiados à morte por seu cerco contínuo, acumulando ao menos 40 mortos desde o fim de semana.

Forças israelenses invadiram o Hospital al-Shifa em torno das 2h00 da madrugada (00h00 GMT), ao disparar bombas de fumaça no pronto-socorro e conduzir supostas revistas nas diversas alas de tratamento médico — efetivamente destruindo equipamentos.

Médicos reportaram que os disparos dentro de al-Shifa foram unilaterais — isto é, sem qualquer troca de tiros. Não há confirmação de baixas, à medida que Israel mantém um cerco informacional sobre o local.

Cerco e invasão

As tropas romperam o muro norte do complexo, em vez de entrar pelo portão principal, no lado leste, em torno das 2h00 do horário local (00h00 GMT), na madrugada de quarta-feira (15), segundo fontes em campo, médicos e enfermeiros.

Então seguiram ao edifício principal, removendo médicos, pacientes e refugiados ao pátio para interrogá-los com brutalidade. Algumas pessoas foram despidas, vendadas e detidas, reportaram médicos à Al Jazeera em árabe.

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Israel alega conduzir uma “operação precisa e calculada” contra al-Shifa, sob o pretexto de que a instalação abriga combatentes do movimento Hamas. Fontes em campo, entretanto, confirmam que civis que tentaram deixar o local foram baleados à queima-roupa.

Os líderes israelenses, todavia, se negam a apresentar qualquer evidência para suas ações contra o centro médico — que constituem crime de guerra sob a lei internacional.

A invasão prossegue 10 horas após a entrada das forças.

O Monitor de Direitos Humanos Euromediterrâneo advertiu para a duração incomum da operação armada, ao indicar o risco de que as tropas ocupantes estejam “montando um cenário” para justificar a invasão e encobrir crimes de guerra.

Segundo a ong, o impedimento de que quaisquer oficiais de saúde, imprensa ou agentes internacionais estejam presentes no centro médico durante o ataque “alimenta receios e dúvidas sobre qualquer narrativa posteriormente divulgada”.

Israel matou mais de 11.300 pessoas em 40 dias, incluindo 4.600 crianças. Ao menos 3.500

pessoas continuam desaparecidas sob os escombros — provavelmente mortas.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

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