Tempestades atingiram Gaza nesta terça-feira (14), trazendo novos temores e desafios aos palestinos, muitos dos quais desabrigados e asilados em tendas provisórias, após semanas de bombardeios ininterruptos por parte de Israel.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O começo da temporada de chuvas e a possibilidade de dilúvios, em meios aos escombros, aumenta receios de que o sistema de esgoto no enclave densamente povoado não consiga conter as águas, resultando em epidemias.
Um abrigo da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em Khan Yunis, no sul de Gaza, foi tomado pelas chuvas, quando refugiados despertaram com as roupas encharcadas no meio da noite.
“Vivíamos em uma casa de concreto, agora vivemos numa tenda”, disse Fayeza Srour, que buscou abrigo no sul de Gaza após a deflagração do genocídio perpetrado por Israel, em 7 de outubro.
“As lonas de náilon, a tenda e a madeira não resistirão às enchentes. As pessoas estão dormindo no chão. O que vão fazer? Para onde vão?”
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O inverno em Gaza, que se aproxima em dezembro, costuma ser úmido e frio, incluindo inundações ocasionais em uma área cuja infraestrutura civil foi gravemente deteriorada pelos 17 anos de cerco militar israelense.
Karim Mreish, também deslocado à força , relatou preces desesperadas por um tempo ameno. “Crianças, mulheres e idosos oram a Deus para que não chova. Se chover, será dificílimo para nós e não haverá palavras para descrever a nossa dor”.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou risco crescente de epidemias, à medida que os ataques de Israel devastaram o sistema de saúde, limitaram o acesso à água potável e causaram superlotação nos abrigos.
A agência manifestou apreensão nesta segunda-feira (13) sobre a meteorologia, à medida que abrigos são escassos e instalações sanitárias foram destruídas.
“Já vemos surtos de doenças diarréicas”, corroborou Margaret Harris, porta-voz da OMS durante coletiva de imprensa em Genebra.
Segundo o alerta, são mais de 30 mil casos de difteria em apenas um mês, contra dois mil casos de janeiro a setembro deste ano.
“Temos danos incomensuráveis à infraestrutura. Temos falta de água limpa. Temos pessoas muito, muito aglomeradas nos abrigos. É por tudo isso que imploramos por um cessar-fogo urgente”, acrescentou Harris.
Ahmed Bayram, porta-voz do Conselho de Refugiados da Noruega, advertiu para “a semana mais difícil em Gaza desde o início da escalada militar”.
“Tempestades implicam maior dificuldade de locomoção a pessoas e equipes de resgate”, insistiu Bayram. “Será ainda mais difícil resgatar vítimas sob os escombros, ou enterrar os mortos. Tudo isso sob incessante bombardeio e falta catastrófica de combustível”.
Israel mantém bombardeios incessantes a Gaza desde 7 de outubro, com 11.240 mortos até então — entre os quais 4.630 crianças e 3.130 mulheres —, além de 30 mil feridos. Milhares estão desaparecidos sob os escombros.
Milhares de edifícios civis — incluindo hospitais, escolas, mesquitas, igrejas, abrigos e instalações sanitárias — foram danificados ou destruídos pelos ataques da ocupação.
Israel insiste ainda em um cerco absoluto à população civil — sem comida, água, remédios, eletricidade ou combustível. Ao promover sua violenta campanha, o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, descreveu os palestinos como “animais”.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.