Forças da ocupação israelense enfim se retiraram do Hospital al-Shifa, na Cidade de Gaza, após mais de 15 horas de violenta incursão no maior centro de saúde do enclave costeiro, nesta quarta-feira (15). Contudo, mantiveram rigoroso cerco ao complexo médico.
Segundo uma fonte local, tanques e franco-atiradores israelenses estão posicionados em torno do hospital e drones sobrevoam os céus constantemente.
As tropas israelenses invadiram o hospital durante a madrugada, após seis dias de cerco. Então revistaram e vandalizaram o pronto-socorro, salas de cirurgia e departamentos de cuidados especializados. Pacientes, profissionais e refugiados foram rendidos, vendados, despidos e interrogados no pátio leste.
Fontes reportaram ainda que o exército ocupante instalou portões eletrônicos e câmeras de reconhecimento facial no pátio de al-Shifa.
Indivíduos deslocados, sobretudo familiares de mortos e feridos, foram presos ao se negarem a deixar o local onde entes queridos foram sepultados na praça externa ao hospital. Para intimidá-los, tanques de guerra dispararam contra o entorno.
Em breve coletiva de imprensa, a ministra da Saúde da Autoridade Palestina, Mai al-Kaila responsabilizou Israel pela vida dos médicos, pacientes e refugiados em al-Shifa e alertou para consequências catastróficas a feridos e doentes devido à invasão.
Forças israelenses invadiram o Hospital al-Shifa em torno das 2h00 (00h00 GMT), ao lançar bombas de fumaça no pronto-socorro e nos centros de internação.
Médicos informaram que os disparos dentro de al-Shifa foram unilaterais — isto é, sem qualquer troca de tiros. Não há confirmação de baixas, à medida que Israel mantém um cerco informacional sobre o local.
Israel alega conduzir uma “operação precisa e calculada” contra al-Shifa, sob o pretexto de que a instalação abriga combatentes do movimento Hamas. Fontes em campo, entretanto, confirmam que civis que tentaram deixar o local foram baleados à queima-roupa.
Os líderes israelenses, todavia, se negaram a apresentar qualquer evidência para suas ações contra o centro médico — que constituem crime de guerra sob a lei internacional.
O Monitor de Direitos Humanos Euromediterrâneo advertiu para a duração incomum da operação, ao indicar risco de que as tropas coloniais estivessem “montando um cenário” para justificar a invasão e encobrir crimes de guerra.
Segundo a ong, o impedimento de que quaisquer oficiais de saúde, imprensa ou agentes internacionais estejam presentes no centro médico durante o ataque “alimenta receios e dúvidas sobre qualquer narrativa posteriormente divulgada”.
Israel matou mais de 11.300 pessoas em 40 dias, incluindo 4.600 crianças. Ao menos 3.500 pessoas continuam desaparecidas sob os escombros — provavelmente mortas.
As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
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